Cientistas avançam na luta contra cânceres agressivos com tecnologia inovadora de DNA extracromossômico
Estudo revela como o DNA extracromossômico pode ser usado para destruir tumores que desafiam tratamentos convencionais
Em uma nova linha de pesquisa para combater tipos agressivos de câncer, cientistas encontraram um caminho promissor: usar DNA "falso" para desarmar tumores que desafiam os tratamentos convencionais. Esses fragmentos de DNA extracromossômico (ecDNA), uma descoberta até pouco tempo considerada rara e irrelevante, têm agora um papel central em estratégias para enfraquecer a resistência tumoral.
O estudo envolveu quase 15 mil pacientes com 39 tipos de tumores diferentes no Reino Unido, revelando que 17,1% dos tumores continham ecDNA. Essa estrutura, encontrada fora dos 23 pares de cromossomos que compõem a maior parte dos genes humanos, pode formar alças independentes, ampliando o código genético de células cancerígenas de maneira desordenada e facilitando sua resistência aos tratamentos.
Cientistas do Instituto Francis Crick, em parceria com equipes dos EUA e do Reino Unido, testaram uma nova abordagem. Eles desenvolveram uma droga que ataca especificamente células com ecDNA, mirando as regiões que promovem o crescimento e a adaptação do tumor à quimioterapia. A droga visa impedir que o ecDNA se divida igualmente, interrompendo a capacidade de propagação dessas células.
Esse avanço foi publicado em três artigos na prestigiada revista Nature. Charles Swanton, vice-diretor clínico do Instituto Francis Crick e um dos autores principais do estudo, ressaltou a importância desse avanço: “Esperamos que esses resultados pavimentem o caminho para novas abordagens que possam melhorar a sensibilidade dos tumores aos medicamentos, oferecendo melhores resultados para os pacientes.”
Até pouco tempo, o ecDNA era considerado uma anomalia sem impacto significativo no desenvolvimento do câncer. No entanto, o estudo revelou que ele é encontrado em altos níveis em tipos agressivos de câncer de mama, cérebro e pulmão. Esse material genético extracromossômico impulsiona a variabilidade genética nas células cancerígenas, dificultando o combate ao tumor, pois contribui para o desenvolvimento de resistência a drogas.
O novo medicamento, baseado em ecDNA, promete ser uma ferramenta poderosa para frear a evolução dos tumores mais resistentes, trazendo esperança para pacientes cujas opções terapêuticas são limitadas. Os pesquisadores acreditam que essa descoberta pode transformar o tratamento de câncer, adicionando uma nova camada de estratégia ao arsenal da oncologia moderna.
Para entender melhor, um renomado geneticista explicou recentemente que as mutações no DNA, acumuladas ao longo da vida, são influenciadas não apenas pela hereditariedade, mas também por fatores ambientais e hábitos. Essa combinação de fatores contribui para o surgimento de alterações como o ecDNA, agora identificado como um mecanismo essencial na progressão de cânceres mais agressivos.
A descoberta abre novas perspectivas para tratamentos de precisão, que podem inibir a evolução tumoral e proporcionar esperança para pacientes ao redor do mundo.