Diabetes, Obesidade vs Estresse: Conversa com uma Endocrinologista

Publicado por: Feed News
02/11/2024 18:07:44
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Divulgação/Redes Sociais/InstaGram Pessoal/Captura de Tela
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A Positividade Corporal é uma Tendência Prejudicial?
Uma conversa com um endocrinologista sobre obesidade, estresse e diabetes tipo 2

 

O diálogo entre positividade corporal e a crescente epidemia de doenças relacionadas ao sobrepeso, como o diabetes tipo 2, está longe de ser simples. Conversamos com uma endocrinologista experiente para entender a complexa relação entre o excesso de peso, estresse e resistência à insulina, revelando a ciência por trás das escolhas de estilo de vida.

 

O Sobrepeso e o Diabetes Tipo 2: Uma Relação Nem Sempre Direta
Embora obesidade e diabetes tipo 2 sejam frequentemente associados, é importante entender que a conexão não é inevitável. A especialista explica que, embora a obesidade seja um dos principais fatores de risco para diabetes, nem todos que vivem com sobrepeso desenvolvem a doença. Inversamente, diabetes tipo 2 pode ocorrer em pessoas magras devido a outros fatores, como predisposição genética e, significativamente, o estresse.

 

O Papel do Estresse
O estresse crônico aumenta os níveis de glicose no sangue, o que pode eventualmente levar à resistência à insulina. “O estresse ativa o hormônio cortisol, que prepara o corpo para 'lutar ou fugir'. Isso exige mais energia, aumentando os níveis de glicose no sangue. Repetido constantemente, esse processo acaba levando à resistência à insulina”, explica a endocrinologista.

 

Insulina: A Chave para a Energia e o Vilão do Excesso
A insulina é essencial para a absorção da glicose pelos tecidos, transformando-a em energia. No diabetes tipo 2, o corpo se torna insensível a esse hormônio, exigindo que o pâncreas produza insulina em excesso. É um ciclo perigoso que pode passar despercebido, pois, conforme a OMS, cerca de metade das pessoas com diabetes desconhece sua condição até o surgimento de complicações. A endocrinologista destaca: "De acordo com a OMS, um em cada 10 adultos vive com diabetes, mas metade não sabe disso."

 

Estresse e Comportamento Alimentar
O estresse não apenas afeta diretamente a saúde metabólica, mas também impulsiona o desejo por alimentos ricos em açúcar e gordura. O cortisol, derivado do colesterol, faz com que o corpo anseie por fontes rápidas de energia, como doces. “Pessoas com resistência à insulina podem até ganhar 500 grs de peso só de olhar para um bolo”, brinca a médica. Essa afirmação ilustra como o corpo de alguém com resistência à insulina reage rapidamente à presença de açúcar, mesmo em pequenas quantidades.

 

E a Frutose?
Embora a frutose natural das frutas seja saudável, a versão química, frequentemente usada por diabéticos tipo 1, não é adequada para adultos com resistência à insulina.

 

Comer para Viver: A Regra da Placa e o Controle de Porções
Superar a resistência à insulina não é apenas uma questão de dieta, mas também de comportamentos inteligentes de alimentação. A regra da placa é simples e eficaz: imagine seu prato dividido em quatro partes iguais. Metade do prato deve ser preenchida com salada verde (sem batatas ou molhos pesados); um quarto com uma fonte de proteína, como carne magra, peixe, ovos, queijo ou nozes; e o quarto final com carboidratos de baixo índice glicêmico, como um tipo saudável de purê.

 

No entanto, a endocrinologista faz um alerta crucial: "O volume do estômago é o equivalente a duas palmas das mãos dobradas. Muitas pessoas não têm ideia disso e acabam comendo porções exageradas, mesmo que sejam alimentos saudáveis." Ela explica que, quando alguém ultrapassa essa quantidade, o estômago começa a se distender, tornando cada vez mais difícil reduzir a ingestão de alimentos posteriormente.

 

Ela continua: "Se você acredita que comer uma grande tigela de salada de baixa caloria vai ajudar, está enganado. O estômago vai se expandir e dificultar o controle do peso a longo prazo. O ideal é consumir porções moderadas que cabem nas suas duas mãos juntas, respeitando o espaço natural do estômago."

 

O Impacto da Privação do Sono
O sono inadequado também influencia na obesidade, conforme comprovado em estudos recentes. A produção de melatonina, hormônio que regula a insulina, é afetada pela luz artificial, agravando o risco de ganho de peso e problemas hepáticos. "No último congresso da Associação Europeia de Diabetes, provou-se que a falta de sono está relacionada à obesidade e à doença hepática gordurosa."

 

Poder da Mudança
Ainda que a obesidade tenha um forte componente biológico, não é um destino irreversível. “O importante é adotar medidas de forma contínua. E sim, se necessário, buscar ajuda psicológica para lidar com questões emocionais relacionadas ao peso.”

 

A Controvérsia da Positividade Corporal
Embora o movimento de positividade corporal defenda a aceitação de diferentes corpos, a endocrinologista alerta para os perigos da normalização da obesidade como algo saudável. “Promover a aceitação de um corpo doente é problemático. Todos têm o direito de escolher como querem viver, mas é importante estarmos cientes dos riscos que enfrentamos.”

 

Medidas Corporais Importantes
“Uma barriga protuberante é um sinal de alerta”, diz a especialista. Medir a cintura é mais informativo do que se pesar. "Para mulheres adultas, o ideal é entre 80 e 88 cm. Para homens, entre 94 e 102 cm. Ultrapassar esses limites aumenta significativamente o risco de diabetes e doenças cardíacas. Se o tamanho da cintura aumentar, é hora de agir, mesmo que o peso não suba." Finaliza a Médica.

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