Impacto da Pandemia no Envelhecimento Cerebral de Adolescentes: O Que a Ciência Revela

Publicado por: Feed News
11/09/2024 11:58 PM
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Cortesia Editorial Arquivo
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Pandemia de COVID-19 Acelerou o Envelhecimento Cerebral em Adolescentes: O que Isso Significa?

 

Estudos recentes indicam que as medidas de quarentena durante a pandemia de COVID-19 causaram um envelhecimento cerebral prematuro em adolescentes. Cientistas revelam que as mudanças no cérebro foram detectadas por meio de ressonâncias magnéticas e podem ter impacto significativo na saúde mental e no desenvolvimento cognitivo de jovens com idades entre 9 e 17 anos. Segundo os pesquisadores, as meninas parecem ter sido mais afetadas do que os meninos. Escreve o The Guardian .

 

O Impacto da Quarentena no Cérebro dos Jovens
Durante a pandemia, as medidas de isolamento social alteraram drasticamente a rotina de crianças e adolescentes. Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou que o córtex cerebral dessas crianças, que normalmente se afina como parte do crescimento natural, sofreu mudanças aceleradas. A equipe de cientistas comparou exames de ressonância magnética realizados em 2018 com novos exames feitos em 2021 e 2022, revelando que o córtex cerebral dos participantes mostrou sinais de envelhecimento acelerado.

 

Nos meninos, o adelgaçamento ocorreu em uma área específica do cérebro, enquanto nas meninas, as mudanças foram observadas em até 30 áreas do órgão, afetando ambos os hemisférios cerebrais. Isso resultou em uma diferença significativa: em média, os cérebros das meninas envelheceram 4,2 anos a mais do que o esperado, enquanto nos meninos esse envelhecimento foi de apenas 1,4 anos.

 

Diferenças Entre Meninos e Meninas
Os resultados do estudo sugerem que as meninas, em particular, foram mais impactadas pelas restrições sociais da pandemia. Áreas do cérebro associadas à cognição social, ao processamento emocional e à compreensão da linguagem apresentaram maior envelhecimento nas meninas. A professora Patricia Kuhl, da Universidade de Washington, observa que isso pode ser explicado pela maior dependência das meninas em redes sociais e na interação emocional com amigos e familiares.

 

As meninas tendem a compartilhar suas emoções de forma mais ativa, e a falta dessa interação pode ter afetado diretamente o desenvolvimento dessas áreas do cérebro. Já nos meninos, o impacto foi mais concentrado nas áreas visuais, o que pode afetar a capacidade de reconhecer rostos e outros elementos visuais.

 

Consequências para a Saúde Mental e Cognitiva
Os pesquisadores ainda não sabem ao certo quais serão os impactos a longo prazo do envelhecimento cerebral acelerado. Entretanto, o afinamento prematuro do córtex cerebral pode aumentar o risco de distúrbios neuropsiquiátricos e prejudicar a flexibilidade cognitiva, dificultando a capacidade de aprendizado e adaptação em situações futuras.

 

Patricia Kuhl alerta que, mesmo com o fim da pandemia, os efeitos do estresse pandêmico em crianças e adolescentes persistem. Ela destaca a importância de fornecer apoio emocional e psicológico contínuo para ajudar os jovens a superar esses desafios.

 

O Papel dos Pais e da Sociedade
A professora Ian Gottlieb, da Universidade de Stanford, reforça a necessidade de atenção redobrada ao bem-estar dos adolescentes. Ele afirma que os resultados do estudo são um lembrete da vulnerabilidade dos jovens em períodos de crise e estresse prolongado, como o vivido durante a pandemia.

 

A comunicação aberta entre pais e filhos, assim como o acesso a serviços de saúde mental, são fundamentais para mitigar os efeitos negativos desse envelhecimento cerebral precoce. Investir em políticas públicas de apoio emocional e em programas de reabilitação cognitiva pode ser a chave para proteger as futuras gerações.

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