Estudos e casos reais mostram como o racismo estrutural impacta o acesso à saúde, agravando desigualdades e perpetuando injustiças
O racismo estrutural é uma das maiores barreiras para a equidade na saúde pública no Brasil. Ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) tenha sido criado para oferecer atendimento universal, a realidade é que preconceitos e discriminação racial influenciam diretamente a qualidade do atendimento oferecido a pacientes negros e indígenas, bem como o acesso a tratamentos especializados.
Estudos revelam que pacientes negros, por exemplo, têm menos chances de receber diagnósticos precoces para doenças graves, como câncer e doenças cardiovasculares. Em muitos casos, preconceitos implícitos levam à subestimação de queixas de dor, resultando em tratamentos inadequados ou mesmo na recusa de atendimento.
Casos Reais: O Racismo na Prática
Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em Salvador, Bahia, onde uma mulher negra foi levada a uma unidade de emergência com sintomas de AVC. O atendimento demorou horas, e, segundo familiares, profissionais de saúde minimizaram sua situação, atribuindo os sintomas a "questões emocionais". Infelizmente, o diagnóstico correto veio tarde demais, resultando em sequelas graves que poderiam ter sido evitadas.
Esse exemplo é apenas um entre milhares que revelam como o racismo institucional se manifesta no cotidiano. Ele não apenas impede o acesso a tratamentos adequados, mas também reforça a desconfiança das populações negras e indígenas em relação ao sistema de saúde.
Impactos Sistêmicos
O racismo estrutural não afeta apenas o atendimento, mas também a forma como os recursos são distribuídos. Regiões com maior concentração de população negra, como o Norte e o Nordeste, frequentemente recebem menos investimentos em infraestrutura de saúde e têm menor disponibilidade de profissionais especializados.
Além disso, a sub-representação de negros em cargos de liderança na saúde e na pesquisa médica contribui para a manutenção de um sistema que não reflete as necessidades da população como um todo.
Soluções e Caminhos para a Mudança
Para combater o racismo estrutural na saúde, é fundamental:
Treinamento Antirracista para Profissionais: Promover cursos e campanhas de conscientização para médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde, abordando preconceitos implícitos e explícitos.
Políticas de Inclusão: Aumentar a representação de profissionais negros e indígenas em todos os níveis do sistema de saúde.
Investimentos em Regiões Vulneráveis: Garantir que comunidades historicamente marginalizadas recebam infraestrutura e atendimento de qualidade.
Fortalecimento da Atenção Primária: Ampliar o acesso a consultas, exames e diagnósticos precoces em áreas onde vivem populações negras e indígenas.
O Papel da Sociedade e dos Movimentos Sociais
Movimentos sociais têm desempenhado um papel crucial na denúncia do racismo na saúde e na busca por mudanças estruturais. A pressão popular e o fortalecimento de organizações que lutam pela equidade são essenciais para transformar essa realidade.
Convite para o Próximo Artigo
No próximo episódio desta série, vamos abordar como as desigualdades socioeconômicas contribuem para a manutenção da injustiça na saúde pública, com ênfase na conexão entre pobreza e acesso ao SUS.
Não perca!