Consulta por Telefone: Quando Salva Vidas e Quando Pode Ser um Perigo

Publicado por: Feed News
20/04/2025 11:53:06
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Ilustração Cortesia Editorial Ideia
Ilustração Cortesia Editorial Ideia

A telemedicina trouxe agilidade e praticidade, mas não substitui o exame físico.

Saber quando usá-la pode ser a diferença entre uma boa recuperação e uma tragédia evitável.


Abraão, 52 anos, estava acostumado a lidar com pressão no trabalho. Em um dia particularmente intenso, ele sentiu uma dor incômoda no estômago e, pensando ser uma crise de gastrite, recorreu à telemedicina para não interromper suas obrigações. O médico suspeitou de um possível infarto do miocárdio atípico e recomendou exames imediatos. Abraão ignorou.

Horas depois, desmaiou. A esposa acionou o SAMU. O diagnóstico: infarto agudo. A dor no estômago era o coração pedindo socorro.

Esse caso real ilustra um ponto crucial: a consulta por telefone é útil, mas não pode substituir o exame clínico quando há sinais de alerta.

 

Quando a telemedicina funciona bem?

  • Acompanhamento de doenças crônicas já diagnosticadas.

  • Revisão de exames com histórico conhecido.

  • Emissão de receitas e continuidade de tratamento.

  • Avaliação inicial de sintomas leves, sem sinais de gravidade.

 

Quando é arriscada ou ineficaz?

  • Primeira avaliação de sintomas vagos ou intensos.

  • Suspeita de infarto, AVC, apendicite ou dor abdominal persistente.

  • Quadro alérgico agudo, sangramentos ou alterações visuais súbitas.

  • Situações em que é necessário escutar o pulmão, aferir pressão, palpar a barriga ou realizar exames imediatos.

 

O outro lado da linha: a rotina invisível dos médicos
Dr. Olavo, clínico da atenção primária, relata: “Pacientes enviam mensagens às 2 da manhã com fotos de manchas na pele e querem respostas imediatas. Esquecem que nós também temos limites”.

Essa lógica de “médico 24 horas” pressiona profissionais, gera sobrecarga emocional e compromete a qualidade da assistência. O médico precisa descansar, estudar e, principalmente, ser respeitado em seus horários.

 

Telemedicina com responsabilidade: o que o paciente precisa entender

  • A teleconsulta tem hora marcada, como qualquer atendimento presencial.

  • O médico pode (e deve) pedir exames antes de concluir um diagnóstico.

  • Ignorar uma recomendação médica é perigoso, mesmo quando parece "só uma dor de estômago".

  • Fotos em baixa qualidade ou ligações com sinal ruim dificultam – e muito – a avaliação.

  • Consulta online não é plantão: mensagens fora de horário devem respeitar a agenda do profissional.

 

E quanto à valorização do profissional?
Por trás de cada resposta médica há anos de estudo, especialização e esforço. A cultura do "doutor, só uma dúvida rápida" desvaloriza a profissão e torna a telemedicina uma via de mão única – onde apenas o paciente se beneficia.

É necessário criar limites justos, plataformas seguras e conscientização do público para que a telemedicina siga sendo uma ferramenta eficaz, sem transformar médicos em reféns digitais.

 

Próximo Artigo

No próximo artigo, vamos falar sobre os sintomas atípicos de infarto que passam despercebidos por milhares de brasileiros – e como reconhecê-los a tempo pode salvar sua vida.

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