Entre as terapias mais utilizadas, o protocolo VCD se destaca como um dos tratamentos iniciais mais eficazes contra o mieloma múltiplo.
O mieloma múltiplo é um câncer hematológico que afeta as células plasmáticas da medula óssea. Seu tratamento é individualizado, variando conforme idade, saúde geral, estágio da doença e perfil genético do tumor. Entre as opções mais empregadas, está o protocolo VCD, amplamente usado no Brasil e no exterior.
O VCD (também chamado CyBorD) é um esquema de terapia de indução que combina três medicamentos:
V – Bortezomibe (Velcade): inibidor de proteassoma que impede que células do mieloma degradem proteínas reguladoras do ciclo celular, induzindo sua morte.
C – Ciclofosfamida: quimioterápico alquilante que danifica o DNA, bloqueando a replicação celular.
D – Dexametasona: corticosteroide com ação antitumoral, que reduz inflamação e potencializa os efeitos dos outros dois fármacos.
Objetivo: reduzir rapidamente a quantidade de células do mieloma antes do transplante autólogo de células-tronco ou como tratamento principal em pacientes sem indicação de transplante.
O esquema é aplicado em ciclos de 21 a 28 dias, normalmente repetidos por 3 a 4 ciclos.
Bortezomibe: injeção subcutânea ou intravenosa, em dias específicos do ciclo.
Ciclofosfamida: via oral ou intravenosa.
Dexametasona: via oral ou intravenosa, geralmente em dias próximos à aplicação do bortezomibe.
Apesar de ser bem tolerado por muitos pacientes, o VCD pode causar:
Neuropatia periférica (formigamento ou dormência nas mãos e pés).
Fadiga e fraqueza.
Infecções (devido à baixa de imunidade).
Alterações gastrointestinais (náusea, diarreia ou constipação).
Retenção de líquidos e aumento de glicose (associados ao uso da dexametasona).
Queda de cabelo (mais associada à ciclofosfamida).
O acompanhamento médico rigoroso ajuda a prevenir ou minimizar esses efeitos.
Estudos mostram que o VCD pode alcançar taxas de resposta global superiores a 80%, com boa redução da carga tumoral e possibilidade de manter pacientes elegíveis para transplante. Em alguns casos, a combinação também é usada em recidivas, embora haja alternativas mais modernas para este cenário.
Além do VCD, o tratamento do mieloma múltiplo pode incluir:
Terapias com lenalidomida (VRD).
Terapia CAR-T.
Transplante de células-tronco.
Terapia de manutenção com lenalidomida e/ou bortezomibe.
Cuidados de suporte para qualidade de vida.