Entenda as diferenças entre cardioversão elétrica e farmacológica, os riscos envolvidos e como se preparar para o procedimento.
A cardioversão é um tratamento médico utilizado para restaurar o ritmo normal do coração em casos de arritmia cardíaca. Ao contrário da desfibrilação, que é usada em situações de emergência extrema como a parada cardíaca, a cardioversão é aplicada quando o coração bate de forma irregular, mas ainda mantém circulação sanguínea suficiente.
Cardioversão elétrica sincronizada
Consiste na aplicação de choques de baixa energia no tórax, por meio de eletrodos conectados a um cardioversor. O choque é aplicado no momento ideal do ciclo cardíaco, o que aumenta a chance de restaurar o ritmo normal.
Pode ser programada em casos crônicos de arritmia.
Em emergências, pode ser aplicada em pacientes inconscientes.
Quando o paciente está acordado, utiliza-se sedação para maior conforto.
Cardioversão farmacológica (química)
Feita com o uso de medicamentos antiarrítmicos ou betabloqueadores, administrados por via oral ou intravenosa.
Normalmente leva mais tempo para agir (de horas a dias).
Pode ser utilizada antes ou depois da cardioversão elétrica para aumentar as chances de sucesso e manter o ritmo cardíaco estável.
Medicamentos comuns: amiodarona, propafenona, diltiazem, digoxina, ibutilida, adenosina, entre outros.
A cardioversão é indicada em casos de:
Fibrilação atrial (AFib): batimento caótico e irregular dos átrios.
Flutter atrial: semelhante à fibrilação, mas mais organizado.
Taquicardia supraventricular (TSV): ritmo rápido nos átrios.
Taquicardia ventricular com pulso: batimento rápido nos ventrículos, ainda com circulação.
Embora seja um procedimento seguro, a cardioversão pode trazer alguns riscos, como:
Queda temporária da pressão arterial.
Pequenas queimaduras na pele (em casos elétricos).
Novos episódios de arritmia.
Lesões cardíacas leves e reversíveis.
Formação de coágulos, que podem causar AVC ou embolia.
O uso de anticoagulantes antes e depois da cardioversão reduz significativamente o risco de complicações graves.
Cardioversão elétrica: dura de 10 a 20 minutos, feita sob sedação, com alta geralmente no mesmo dia. O paciente não deve dirigir ou operar máquinas por 24h.
Cardioversão farmacológica: costuma ser feita em ambiente hospitalar, mas em casos leves pode ser realizada em casa com acompanhamento médico.
Taxa de sucesso: cerca de 90% para a cardioversão elétrica e 85% para a farmacológica.
Recorrência: é comum, especialmente em casos de fibrilação atrial, exigindo novos procedimentos.
Fatores de risco: hipertensão não controlada, colesterol elevado e, em especial, nas mulheres, a chance de recorrência é duas vezes maior.
Nem a cardioversão elétrica nem a farmacológica é considerada “superior”. Ambas têm bons resultados e são escolhidas de acordo com a condição clínica do paciente.
No próximo artigo da série sobre arritmias cardíacas, vamos falar sobre os medicamentos mais usados no tratamento de arritmias e como eles atuam no organismo. Não perca!