Fake News em Saúde: Como Negacionistas Colocam Vidas em Risco
De líderes globais a movimentos organizados, a desinformação em saúde durante a pandemia de Covid-19 revelou seu custo mais alto: vidas humanas.
A desinformação em saúde ganhou força nas últimas décadas, mas atingiu proporções críticas durante a pandemia de Covid-19. O fenômeno não se restringe a boatos isolados: líderes políticos, figuras públicas e ativistas organizados têm utilizado seu alcance para difundir alegações sem base científica, minando a confiança da população na medicina e em instituições globais como a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Figuras públicas que ampliam o negacionismo
Nomes como Robert F. Kennedy Jr., conhecido pelo discurso antivacina, e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que chegou a associar autismo a vacinas e ao uso de paracetamol, são exemplos de como a fala de líderes pode ecoar em milhões de pessoas.
No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro também desempenhou papel central na disseminação de fake news durante a pandemia de Covid-19, questionando a eficácia das vacinas, recomendando tratamentos sem comprovação científica — como a cloroquina — e minimizando os riscos do vírus. O resultado foi devastador: centenas de milhares de mortes e uma população dividida entre confiar na ciência ou em teorias políticas.
A pandemia evidenciou o poder letal da desinformação. Estudos indicam que a resistência vacinal alimentada por discursos negacionistas retardou a imunização e aumentou o número de óbitos. No Brasil, instituições de pesquisa e imprensa independente demonstraram como a falta de coordenação baseada em ciência contribuiu para o agravamento da crise sanitária.
Enquanto a OMS reforçava a importância de medidas como uso de máscaras, distanciamento social e vacinação em massa, líderes negacionistas colocavam dúvidas públicas sobre a necessidade dessas estratégias. Isso gerou confusão, insegurança e atrasos na adesão a campanhas vitais.
As redes sociais foram aceleradores da desinformação. Mensagens alarmistas ou promessas de “curas milagrosas” ganharam velocidade muito maior que comunicados oficiais. Algoritmos favoreceram o conteúdo mais polêmico, permitindo que teorias conspiratórias — desde a suposta “criação artificial do vírus” até a ideia de que “vacinas implantavam chips” — se espalhassem globalmente.
A desinformação não fica no campo do debate: ela mata. O retorno de doenças como sarampo em alguns países, a hesitação vacinal em comunidades inteiras e os números ampliados da Covid-19 são provas concretas de que fake news em saúde têm impacto direto em vidas humanas.
Seja nos Estados Unidos, no Brasil ou em qualquer parte do mundo, a luta contra fake news em saúde é um compromisso coletivo. É dever das instituições sérias, da imprensa responsável e dos profissionais de saúde reafirmar: a ciência salva vidas, a desinformação custa vidas.
Convite para o próximo artigo da TVSaude.Org:
No próximo artigo, vamos mostrar casos concretos de surtos de doenças que voltaram em diferentes países devido à queda da vacinação, destacando como a desinformação mina conquistas históricas da medicina.