Alerta Global: Câncer em Jovens Deve Aumentar 75% até 2050, Dizem Pesquisadores

Pesquisas revelam que os casos de câncer em jovens estão aumentando em ritmo alarmante, e cientistas apontam múltiplos fatores — de hábitos modernos a exposições pré-natais — como possíveis explicações.

O câncer, historicamente associado a idosos, está se tornando cada vez mais comum entre adultos com menos de 50 anos. Embora ainda represente uma fração do total de diagnósticos, o crescimento entre os jovens preocupa a comunidade científica global. Estudos recentes apontam que, entre 2019 e 2030, os casos de câncer precoce devem crescer cerca de 30%, e até 2050 esse aumento pode ultrapassar 75% em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Um levantamento publicado pela revista Nature reforça que mais de uma dúzia de tipos de câncer estão em ascensão entre os jovens. Entre eles, destacam-se os que afetam o sistema digestivo — cólon, pâncreas e estômago — além de câncer de mama e próstata. Nos Estados Unidos, o câncer colorretal já se tornou a principal causa de morte oncológica entre homens com menos de 50 anos e a segunda entre mulheres jovens (Fonte: American Cancer Society).

Apesar da gravidade dos números, a ciência ainda não encontrou uma causa única para esse fenômeno. Os especialistas destacam que provavelmente se trata de uma combinação de fatores, incluindo:

• Obesidade crescente e dieta rica em ultraprocessados, que favorecem inflamações.

• Alterações no microbioma causadas por antibióticos e mudanças alimentares, ligadas a maior risco de alguns tumores.

• Exposição pré-natal a hormônios sintéticos, como a progesterona usada para evitar partos prematuros, além de tabaco, álcool e desnutrição materna.

• Diferenças genéticas e moleculares entre tumores de jovens e de idosos, como a capacidade de alguns de suprimir a resposta imunológica.

Pesquisadores também chamam atenção para as diferenças culturais e regionais. Na Coreia do Sul, por exemplo, a taxa de câncer colorretal precoce cresce mais rápido do que no Japão, mesmo em países próximos e semelhantes em termos econômicos (Fonte: Nature).

Projetos internacionais já buscam respostas em grande escala. A oncologista Katie Eng, do Vanderbilt University Medical Center, lidera estudos que analisam a relação entre o microbioma e o câncer em jovens, unindo dados de diferentes continentes. Já a pesquisadora Barbara Cohn, do Instituto de Saúde Pública de Auckland, estuda amostras de sangue de 20 mil mulheres grávidas coletadas desde 1959 para identificar possíveis fatores transgeracionais.

Embora ainda não haja uma explicação definitiva, especialistas reforçam a importância de hábitos preventivos desde cedo: alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos, sono adequado e abandono do cigarro e do álcool. Essas medidas podem não eliminar totalmente o risco, mas reduzem significativamente a chance de desenvolver a doença em idade precoce.

Convite para o próximo artigo da TVSaude.Org:
"No próximo artigo, vamos destacar os hábitos cotidianos que podem reduzir o risco de câncer precoce, trazendo recomendações práticas e baseadas em evidências."