Mesmo cercados por protocolos rígidos e interesses comerciais, muitos médicos seguem firmes na missão de curar com humanidade. Quem são eles e o que estão propondo?
No primeiro artigo da série, mostramos como o tratamento do câncer no Brasil se transformou em um campo fértil para lucros milionários, enquanto pacientes enfrentam filas, diagnósticos tardios e sofrimento.
Mas nem todos os profissionais da saúde compactuam com esse sistema.
Há médicos, terapeutas, cientistas e até gestores públicos que estão dispostos a enfrentar a lógica mercantilizada da saúde. São vozes muitas vezes abafadas, mas que resistem — e propõem modelos mais humanos, acessíveis e sustentáveis.
Em muitas redes privadas, médicos são pressionados a indicar exames, internações e tratamentos de alto custo. Alguns se recusam a entrar nesse jogo, mesmo que isso represente menos prestígio ou ganhos financeiros, perda do emprego etc..
Esses profissionais defendem que o verdadeiro compromisso da medicina está com o paciente, e não com o faturamento do hospital.
“Um exame que não muda a conduta médica é desperdício. E o desperdício é lucro para alguém”, afirma um oncologista entrevistado sob anonimato.
Há uma revolução silenciosa acontecendo fora dos grandes hospitais. Profissionais estão integrando nutrição anti-inflamatória, práticas mentais, atividade física, manejo do estresse e apoio psicológico nos protocolos de cuidado — com resultados impressionantes.
Mas esse tipo de abordagem, que reduz internações e uso de medicamentos, sofre resistência dentro do sistema. Por quê? Porque não gera receita recorrente.
Algumas cidades e estados no Brasil têm adotado centros de atenção primária com foco na prevenção e na medicina da família, que evitam a escalada dos problemas de saúde e economizam milhões ao SUS. Porém, esses modelos raramente ganham destaque nacional.
“Prevenir câncer custa centavos. Tratar, custa milhares. Mas só um deles é economicamente vantajoso para a indústria”, resume um médico de família.
Movimentos civis, associações de pacientes e conselhos éticos pressionam por mais transparência nos contratos públicos com farmacêuticas, no uso de medicamentos de alto custo e nas diretrizes clínicas. Mas sem apoio político, muitas dessas demandas morrem nas gavetas do sistema.
Ainda há esperança — e ela mora na resistência silenciosa de quem insiste em fazer a medicina com consciência.
Convite da TVSaude.Org para o próximo artigo
No próximo artigo da série: “A Nova Geração Está Acordando: Pacientes Que Dizem Não à Indústria da Doença” — conheça histórias de pessoas que escolheram caminhos alternativos e conscientes para lidar com sua saúde.