As Doenças Invisíveis das Mulheres: Dor Real, Diagnóstico Negado
Dor sem Exame, Diagnóstico sem Escuta: As Mulheres Invisíveis na Medicina
Elas sentem dor há anos. Já ouviram de tudo: que é psicológico, hormonal, cansaço, TPM. Mas a dor continua. Vêm o inchaço, a fadiga, a sensação de estar sempre doente — mesmo com todos os exames “normais”. Essa é a realidade de milhões de mulheres com doenças invisíveis: condições crônicas, inflamatórias ou autoimunes que não aparecem facilmente em exames convencionais, mas devastam o bem-estar físico, emocional e social.
O que são doenças invisíveis?
São chamadas assim porque, embora sejam reais e debilitantes, muitas vezes não deixam marcas aparentes no corpo nem são detectadas de imediato por exames de sangue, imagem ou testes clínicos comuns.
Entre as mais prevalentes estão:
Endometriose: inflamação provocada por tecido semelhante ao do útero que cresce fora dele. Causa cólicas intensas, infertilidade e dores crônicas.
Fibromialgia: síndrome dolorosa que provoca dor em todo o corpo, fadiga extrema, distúrbios do sono e alterações cognitivas.
Lúpus e outras doenças autoimunes: como artrite reumatoide, esclerose múltipla e tireoidite de Hashimoto. Elas afetam o sistema imunológico e confundem médicos por sua variedade de sintomas.
O ciclo da invisibilidade: da dor à descrença
Essas doenças compartilham uma armadilha: o diagnóstico costuma demorar anos. Muitas mulheres consultam diversos médicos até encontrar um que leve sua dor a sério. A ausência de um “achado clínico objetivo” faz com que muitas delas ouçam frases como:
“É normal sentir um pouco de dor.”
“Você precisa relaxar.”
“Talvez esteja somatizando.”
A negligência contínua desgasta emocionalmente e favorece a cronificação dos sintomas. Estudos revelam que, em média, uma mulher com endometriose leva entre 7 a 10 anos para ser diagnosticada corretamente.
Por que isso acontece?
Falta de escuta ativa: a consulta médica tradicional ainda é centrada no modelo masculino de diagnóstico.
Desinformação sobre sintomas femininos: doenças femininas recebem menos atenção científica e midiática.
Preconceito institucionalizado: mulheres são historicamente associadas à instabilidade emocional, o que mina a credibilidade de suas queixas.
Como exigir um diagnóstico digno e cuidados adequados
Documente seus sintomas: anote datas, intensidade, duração e impactos. Leve registros para a consulta.
Busque especialistas: ginecologistas, reumatologistas, imunologistas e neurologistas são os mais indicados.
Converse com outras mulheres: grupos de apoio e relatos em redes sociais podem ajudar a identificar padrões.
Não aceite explicações vagas: exija encaminhamentos e investigue até encontrar quem escute de verdade.
Precisamos falar disso, urgentemente
As doenças invisíveis não podem mais ser ignoradas. A medicina que não enxerga a mulher, sua dor e sua complexidade contribui para o adoecimento físico e psicológico.
Na TV Saúde, este espaço é para escuta, empatia e informação de qualidade. Compartilhe esse artigo com quem precisa saber: dor crônica não é normal, é sinal de alerta.
Convite para o próximo artigo relevante:
No próximo episódio da série da TV Saúde, vamos abordar como os estigmas emocionais interferem nos diagnósticos femininos, com foco em saúde mental, ansiedade, depressão e a fronteira entre o psicológico e o físico.