Ninguém decide morrer de repente – o corpo fala, o comportamento muda, o olhar pede ajuda
O suicídio raramente acontece sem sinais prévios. Na maioria das vezes, a pessoa em sofrimento manifesta mudanças sutis ou evidentes no comportamento, que podem passar despercebidas por falta de conhecimento ou atenção. Por isso, saber reconhecer os sinais de alerta é um passo fundamental para a prevenção.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, os sinais de risco para suicídio incluem:
Mudanças comportamentais frequentes:
Isolamento repentino, mesmo de pessoas próximas
Desinteresse por atividades que antes davam prazer
Irritabilidade constante, agressividade ou apatia
Alterações no sono ou apetite sem motivo aparente
Descuido com a aparência ou higiene pessoal
Frases que soam como despedida ou desistência:
“Vocês estariam melhor sem mim”
“Queria poder desaparecer”
“Não aguento mais essa dor”
“Se algo acontecer comigo, saiba que te amo”
“Logo tudo isso vai acabar”
Essas frases, mesmo ditas em tom de brincadeira, nunca devem ser ignoradas.
Sinais de alerta emocional e psicológico:
Tristeza profunda ou prolongada
Sensação de vazio constante
Baixa autoestima extrema
Sentimento de culpa ou vergonha insuportáveis
Comportamentos de autolesão (cortes, queimaduras, pancadas)
Situações que aumentam o risco de suicídio:
Histórico de transtornos mentais não tratados
Uso abusivo de álcool e outras drogas
Perdas recentes (luto, separação, demissão, mudanças abruptas)
Violência doméstica, bullying, abusos
Diagnóstico de doenças crônicas ou incapacitantes
Como ajudar alguém com sinais de risco?
Escute com empatia, sem interromper nem julgar.
Demonstre presença e interesse real. Uma simples frase como “estou aqui para você” pode abrir portas.
Não diga que é frescura, drama ou chantagem. Isso fecha o canal de comunicação.
Evite prometer segredo absoluto. Em muitos casos, é necessário envolver apoio profissional ou familiar.
Oriente para buscar ajuda especializada, como psicólogos, psiquiatras ou o CVV (188). Acompanhe, se possível.
E se a pessoa já tiver tentado suicídio?
Leve a ameaça a sério. Toda tentativa é um pedido de ajuda.
Remova objetos perigosos e jamais deixe a pessoa sozinha em crises graves.
Acolha sem culpa ou sermão. Frases como “você tem tudo na vida” ou “isso é egoísmo” só aprofundam a dor.
Ajude na retomada do cuidado profissional e incentive a continuidade do tratamento.
O silêncio é cúmplice. A empatia pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Se todos aprendermos a reconhecer os sinais e a oferecer apoio, milhares de vidas podem ser salvas todos os anos. Falar é a principal forma de prevenção. Mas, mais do que falar, é preciso escutar. Com atenção, sensibilidade e atitude.
Em caso de emergência emocional, ligue 188 (CVV – 24h, gratuito e anônimo).
No próximo artigo da série: “A dor invisível dos jovens: por que o suicídio tem crescido entre adolescentes?”
Vamos discutir o cenário atual, o impacto da internet, a pressão social e o papel da família e da escola na prevenção entre os mais jovens.