Um bot desenvolvido pelo Dartmouth College já demonstra eficácia na redução de sintomas de depressão e ansiedade, abrindo caminho para a democratização do cuidado psicológico digital.
A busca por apoio psicológico está mudando rapidamente. Se antes a primeira opção era marcar uma consulta, hoje muitos — especialmente jovens — encontram na Inteligência Artificial uma alternativa imediata, anônima e acessível. Nesse cenário, ganha destaque o Therabot, desenvolvido por pesquisadores do Dartmouth College, que se tornou um exemplo emblemático do uso da IA para promover o bem-estar mental.
O Therabot foi projetado para aplicar os princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) em conversas interativas. Diferente de um terapeuta humano, ele não substitui o acompanhamento profissional, mas atua como apoio constante: pergunta sobre o humor diário, identifica padrões de pensamento ansioso e sugere exercícios práticos para lidar com preocupações e sintomas depressivos.
Um estudo publicado no JMIR Mental Health mostrou que os usuários relataram reduções significativas em sintomas de depressão, ansiedade e preocupações com o peso corporal, quando comparados ao grupo de controle.
Em um teste direto, ao ser questionado sobre custos, o bot respondeu:
“Meu serviço é gratuito! Estou aqui para oferecer suporte e informações sem custo. No entanto, vale lembrar que algumas plataformas que utilizam tecnologia de IA podem ter modelos de assinatura ou serviços pagos. Mas, especificamente aqui, você pode conversar comigo sem nenhum custo!”
Esse ponto é central. Diferente de terapias presenciais ou mesmo de algumas plataformas digitais de saúde mental que exigem assinaturas mensais, o acesso gratuito a um bot como o Therabot aumenta exponencialmente o alcance da ferramenta, especialmente para pessoas em situação de vulnerabilidade financeira.
Acessibilidade: disponível 24 horas por dia, eliminando barreiras de custo, filas ou horários.
Anonimato: muitos jovens se sentem mais confortáveis em falar com uma IA, sem medo de julgamento.
Escalabilidade: pode atender milhares de pessoas simultaneamente.
Complemento terapêutico: não substitui psicólogos, mas ajuda a aplicar técnicas entre as consultas.
Woebot: pioneiro em TCC digital, com linguagem descontraída.
Wysa: focado em exercícios de relaxamento e suporte emocional.
Tess (X2AI): voltado para intervenções breves em saúde mental via texto.
Apesar do potencial, existem pontos críticos:
Crises graves: IA não está apta a lidar com emergências como risco de suicídio.
Privacidade: dados sensíveis precisam ser armazenados com segurança.
Empatia limitada: a “escuta” é simulada; o vínculo humano ainda é insubstituível.
O fenômeno evidencia um caminho sem volta: a digitalização da saúde mental. A IA, quando usada com ética e transparência, pode democratizar o acesso ao cuidado psicológico, aliviar a sobrecarga dos sistemas de saúde e oferecer apoio a quem, de outra forma, ficaria sem ajuda. O Therabot — gratuito em sua versão atual — é apenas um exemplo do impacto que a tecnologia pode ter quando aplicada com propósito humano.
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No próximo conteúdo, vamos explorar os limites e riscos éticos da inteligência artificial na saúde mental: até onde um bot pode ir sem substituir o contato humano?