Brasil precisa agir já: envelhecimento acelera mortes por câncer — e a conta chega nesta década

Publicado por: Feed News
26/09/2025 23:07:40
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Mais idosos, mais câncer: o Brasil envelhece rápido e não tem rastreamento organizado suficiente para conter as mortes / Ilustração Cortesia Editorial Ideia
Mais idosos, mais câncer: o Brasil envelhece rápido e não tem rastreamento organizado suficiente para conter as mortes / Ilustração Cortesia Editorial Ideia

IBGE confirma o salto do envelhecimento, e o INCA projeta 704 mil casos anuais até 2025. A nova Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer precisa sair do papel com metas, dinheiro e prazos.

 

O Brasil envelhece mais rápido do que se organiza para enfrentar o câncer. O Censo 2022 mostra que a população com 65+ cresceu 57,4% em 12 anos e o índice de envelhecimento deu um salto histórico. Ao mesmo tempo, o INCA projeta ~704 mil casos novos por ano no triênio 2023–2025. Não é tendência: é pressão real sobre o SUS agora

 

Em fevereiro de 2025, o Ministério da Saúde regulamentou a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer. Excelente — mas sem execução, não salva vidas. É hora de transformar norma em entrega: rastrear antes, diagnosticar cedo, tratar sem fila e cuidar sem dor. 

 

O que fazer já (medidas com relógio e dono)

1) Rastrear de verdade (modelo organizado, não “oportunista”)

  • Mama (50–69 anos, a cada 2 anos) com convite ativo, busca de faltosos, laudo padronizado BI-RADS e via rápida para biópsia. (Base: diretrizes nacionais) Inca

  • Colo do útero: consolidar as novas Diretrizes 2025, com transição ordenada para teste HPV onde couber e rastreio regular com convocação e recall. 

  • Colorretal (50–74 anos): adotar FIT anual/bienal com colonoscopia de seguimento; iniciar pilotos estaduais já em 2026 com metas públicas de cobertura ≥60% em 3 anos. (Inferência alinhada à prática internacional; incluir em planos estaduais e municipais com monitoramento INCA/SVS.)

 

2) Porta rápida do diagnóstico (T0→Biópsia→Estadiamento)

  • Metas de tempo máximo: 10 dias para imagem suspeita, 15 dias para biópsia, 30 dias para estadiamento e 60 dias até início de tratamento (com transparência em painel público).

  • Financiamento carimbado para biópsia guiada, anatomia patológica e imagem avançada, reduzindo o gargalo que empurra casos para estágio avançado. (Meta executiva vinculada à Portaria; publicar indicadores por estado.)

 

3) Rede oncológica com capacidade real

  • Contratualizar linhas de cuidado por tumor (mama, próstata, colón, pulmão, colo do útero), ampliando radioterapia e oncologia clínica onde há deserto assistencial.

  • Habilitar serviços com pagamento por desempenho (tempo-para-tratamento, completude de estadiamento, abandono <5%). (Medida operacional compatível com a Política Nacional.) 

 

4) Prevenção que reduz mortes

  • Controle do tabaco (reprimeira causa evitável): fiscalização, restrição de aditivos e combate ao mercado ilícito.

  • Vacinação HPV com busca ativa em escolas (cobertura ≥90%) e campanhas regionais; integrar a rastreamento de colo.

  • Políticas de obesidade e álcool (ambiente alimentar saudável, rotulagem, tributação inteligente), além de hepatites virais (triagem e tratamento) para conter fígado. (Suporta a meta de reduzir fração atribuível a fatores de risco.) 

 

5) Dados que mandam no dinheiro

  • Painel nacional aberto (INCA/SVS) com: cobertura de rastreio, tempos de diagnóstico/tratamento, estadiamento ao diagnóstico e sobrevida em 1/5 anos, por município. Recompensas e correções orçamentárias atreladas ao desempenho. 6) Cuidado paliativo como direito

  • Implementar linhas de cuidado paliativo em todos os CACON/UNACON, com acesso a analgesia, suporte psicossocial e domiciliar — melhora desfechos e usa melhor o recurso. (Integra a atenção integral prevista na Política.) 

 

Por que a urgência é agora

As projeções demográficas indicam que o Brasil vai envelhecer mais nas próximas décadas — e rápido. Ignorar isso significa aceitar que mais brasileiros morrerão de câncer por diagnóstico tardio. O país não pode perder a janela 2025–2030 para organizar rastreio, reduzir tempos e ampliar capacidade.

 

Posição editorial da TVSaude.Org:
Chega de piloto eterno e plano sem cronograma. Rastreamento organizado, metas públicas e financiamento amarrado a resultado. É assim que se salva vida — e se protege a geração que hoje envelhece.

 

Convite para o próximo artigo

No próximo conteúdo, vamos publicar um Guia de Execução em 12 Meses para secretarias estaduais e municipais (checklist, metas trimestrais e planilha de custos por 100 mil habitantes) — pronto para download e uso imediato.

 

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