Uma doença infiltrativa que imita a insuficiência cardíaca comum, mas exige diagnóstico precoce e tratamento específico.
A amiloidose cardíaca é um tipo de cardiomiopatia infiltrativa, em que proteínas mal dobradas se acumulam no músculo cardíaco. Esse depósito anormal provoca cicatrizes, prejudica o bombeamento de sangue e pode levar a arritmias graves e insuficiência cardíaca progressiva.
Existem dois tipos principais:
Amiloidose AL — causada por cadeias leves produzidas por células plasmáticas, frequentemente associada ao mieloma múltiplo.
Amiloidose ATTR — relacionada à proteína transtirretina, que pode ser hereditária (por mutação genética) ou do tipo selvagem, mais comum em idosos acima de 70 anos.
Os sintomas de alerta incluem fadiga, falta de ar, inchaço nas pernas e abdômen, intolerância ao exercício, palpitações e até desmaios. Muitas vezes, sinais como síndrome do túnel do carpo, aumento da língua ou hematomas ao redor dos olhos ajudam a levantar suspeita.
O diagnóstico envolve exames de sangue, urina, ecocardiograma, ressonância magnética, testes genéticos e, cada vez mais, a cintilografia com 99mTc-PYP, que permite diferenciar a ATTR da AL sem a necessidade de biópsia em muitos casos.
O tratamento combina controle da insuficiência cardíaca (com diuréticos e restrição de sal) e terapias específicas:
Para AL: quimioterapia, transplante de células-tronco e, mais recentemente, o daratumumabe, em combinação com bortezomibe.
Para ATTR: estabilizadores da transtirretina como tafamidis, já aprovado, além de novas drogas como patisiran, vutrisiran e o experimental acoramidis, que têm mostrado resultados promissores.
Apesar de grave, a amiloidose cardíaca deixou de ser sentença de morte inevitável. O diagnóstico precoce, aliado a novas terapias, tem prolongado a vida de pacientes e melhorado sua qualidade de vida. O acompanhamento com cardiologistas e hematologistas é fundamental, assim como a avaliação para possíveis ensaios clínicos.
No próximo capítulo da nossa série, vamos abordar Amiloidose Renal: quando os rins deixam de filtrar o essencial, explicando como a doença afeta o sistema urinário e quais os sinais precoces que exigem atenção.