Estudo revela aumento expressivo nos casos de câncer entre adultos jovens.
Destaque para tumores no pâncreas, rim, testículo e útero — um alerta urgente para a geração millennial.
Doença silenciosa: oncologia precoce avança entre adultos de 25 a 49 anos e preocupa especialistas
Nas últimas duas décadas, os riscos de desenvolver câncer aumentaram significativamente entre pessoas de 25 a 49 anos, com 17 dos 34 tipos mais comuns mostrando crescimento nessa faixa etária. A constatação vem de um estudo robusto conduzido por cientistas da American Cancer Society, publicado na conceituada revista Lancet Public Health.
A equipe analisou dados médicos de mais de 23 milhões de pacientes diagnosticados com câncer e investigou mais de 7 milhões de mortes por neoplasias malignas registradas entre 2000 e 2019 nos Estados Unidos. A conclusão é clara: o câncer está “rejuvenescendo”, afetando especialmente os nascidos entre 1981 e 1996 — a chamada geração millennial.
Entre os tipos de câncer com crescimento entre os mais jovens estão o de pâncreas, rim, testículo e útero. Além disso, as taxas de mortalidade por câncer de vesícula biliar, fígado e colorretal também aumentaram nesse público.
“Isso é preocupante”, afirma Ahmedin Jemal, principal autor do estudo. “Se a tendência continuar, pode interromper ou até reverter os avanços conquistados na redução da mortalidade por câncer nas últimas décadas.”
Embora o câncer em pessoas com menos de 50 anos ainda represente uma minoria dos casos, o cenário é alarmante devido ao envelhecimento populacional e à possibilidade de surgirem novos padrões epidemiológicos com impactos a longo prazo.
O que pode estar por trás desse crescimento?
Embora não haja ainda uma causa definitiva para o aumento dos casos de câncer entre os jovens, os cientistas apontam fatores de risco modernos que estão cada vez mais presentes no estilo de vida das novas gerações:
Obesidade crescente
Desequilíbrio do microbioma causado pelo uso excessivo de antibióticos e alimentação rica em gordura saturada, carne vermelha e alimentos ultraprocessados
Má qualidade do sono
Sedentarismo
Poluição ambiental, especialmente a presença de substâncias químicas cancerígenas
Há também boas notícias
Apesar da tendência preocupante, os cientistas registraram queda na incidência do câncer de colo do útero entre mulheres jovens, resultado direto da vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) — principal causador desse tipo de câncer.
Além disso, houve redução nas doenças relacionadas ao tabagismo, como câncer de pulmão, laringe e carcinoma de esôfago, embora esse progresso tenha sido menos intenso entre os mais jovens.
Sobrevivência e os efeitos em cadeia
O estudo também destaca a urgência de melhorar os programas de rastreamento e diagnóstico precoce para jovens, a fim de detectar o câncer em estágio inicial. E levanta uma nova preocupação: o futuro dos que sobrevivem ao câncer ainda jovens.
“Haverá jovens sobreviventes de câncer que foram afetados biologicamente, fisicamente e psicologicamente por esse diagnóstico. E isso terá um efeito em cadeia na sociedade”, alerta a oncologista Elisabeth Komen.
Enquanto novos métodos são testados — como formas de "cortar o combustível das células cancerígenas" sem danificar os tecidos saudáveis — a luta agora é pela consciência preventiva. Para atestar nossa informação, uma simples visita num hospital na sala de oncologia será suficiente.
No próximo artigo: Vamos aprofundar os hábitos modernos que silenciosamente aumentam o risco de câncer entre jovens, explicando como a alimentação, sono, estresse e poluição interferem diretamente no nosso código genético. Acompanhe na TV Saúde.