Apesar de silencioso no início, o câncer de cabeça e pescoço dá sinais claros.
Ignorá-los pode custar caro — entender os fatores de risco e agir cedo pode salvar vidas.
É chamado de "câncer de cabeça e pescoço", mas, na verdade, representa um conjunto de tumores que podem afetar regiões como boca, nariz, garganta, faringe e laringe. Costuma ser diagnosticado tardiamente — e é exatamente aí que mora o perigo.
Acomete, em sua maioria, homens com mais de 50 anos, embora o número de casos em pessoas mais jovens tenha crescido nos últimos anos, especialmente devido à infecção pelo HPV. O risco é duas vezes maior em homens do que em mulheres, mas ambos os sexos devem estar atentos.
Segundo especialistas em otorrinolaringologia e oncologia de cabeça e pescoço, os principais vilões são:
Tabagismo: fumar aumenta em até 15 vezes o risco.
Álcool em excesso: potencializa os efeitos cancerígenos do tabaco.
HPV (Papilomavírus Humano): algumas cepas do vírus podem levar ao desenvolvimento de tumores até 30 anos após a infecção.
Mascar tabaco e exposição a agentes químicos: também são fatores associados.
“Este é o mesmo vírus que causa câncer de colo do útero nas mulheres. Por isso, a vacinação contra o HPV é uma medida fundamental de saúde pública”, alerta o cirurgião David Goldenberg, especialista no tema.
São sutis, porém alarmantes se persistirem:
Manchas brancas ou vermelhas na boca
Feridas na língua ou gengiva que não cicatrizam
Sensação de algo preso na garganta
Rouquidão prolongada
Dificuldade para engolir ou falar
Dor que irradia para o ouvido
Secreção sanguinolenta pela boca ou nariz
O Otorrinolaringologista ressalta:
“Úlceras bucais e rouquidão são comuns. Mas, se durarem mais de uma semana, precisam ser investigadas. O diagnóstico precoce muda tudo.”
O tratamento varia conforme a localização e estágio da doença. Pode envolver:
Cirurgia para remoção do tumor
Radioterapia
Quimioterapia
Terapias combinadas
Cânceres causados pelo tabaco e álcool tendem a ser mais agressivos e de tratamento mais complexo. Já os relacionados ao HPV, surpreendentemente, têm melhores taxas de resposta à terapia.
A prevenção está, em grande parte, nas escolhas diárias:
Não fume e evite mascar tabaco
Modere ou evite o consumo de álcool
Vacine-se contra o HPV – a partir dos 9 anos
Não ignore sinais persistentes por mais de 10 dias
Mantenha consultas periódicas com dentistas e otorrinos
Convite para o próximo artigo:
No próximo artigo, vamos explorar como a vacina contra o HPV pode reduzir não só o câncer de colo do útero, mas também os casos de câncer de garganta e boca — e por que a desinformação ainda afasta famílias dessa proteção.