Pesquisadores americanos desenvolveram duas abordagens inéditas para reanimar corações após a morte, abrindo novos caminhos para salvar vidas com ética e inovação.
Durante décadas, o maior desafio da medicina de transplantes foi a escassez de corações viáveis para doação. Agora, dois estudos publicados no New England Journal of Medicine e divulgados pela Popular Science revelam que essa realidade pode estar mudando radicalmente. Cientistas encontraram formas de reanimar corações após a morte do doador, com protocolos que respeitam os limites éticos da medicina moderna.
Tradicionalmente, os corações transplantáveis são retirados de pacientes em morte encefálica, com funções cardíacas ainda mantidas por suporte avançado. Mas essa condição representa uma minoria dos potenciais doadores. Em 2020, uma equipe da Universidade de Nova York deu um passo ousado: utilizou uma máquina para oxigenar o coração ainda dentro do corpo do falecido, reanimando-o para transplante. A prática, no entanto, gerou controvérsias éticas ao redefinir os limites do que se entende por morte.
Para contornar essa questão, novas abordagens foram desenvolvidas em 2024. A primeira, conduzida por cirurgiões da Duke University, envolveu o coração de um bebê de apenas um mês. O órgão foi removido e operado fora do corpo por seis minutos, recebendo sangue oxigenado em circuito fechado. Após reoxigenação completa, o coração voltou a bater e foi refrigerado para transporte. O órgão foi transplantado com sucesso em um bebê de três meses, que teve alta dois meses depois — sem sinais de rejeição ou complicações.
O segundo avanço veio da Universidade de Vanderbilt, que introduziu uma técnica de perfusão com líquido oxigenado diretamente na aorta do doador falecido. A fórmula especial foi projetada para proteger o órgão e repor perdas celulares decorrentes da morte, enquanto o mantinha em estado de relaxamento e preservação extrema pelo frio. O resultado: corações viáveis e estáveis para transplante, com maior controle ético do processo.
Esses métodos representam avanços transformadores na medicina transplantadora. Ao respeitar os limites éticos e expandir o número de corações disponíveis, abrem uma nova esperança para milhares de pacientes que aguardam na fila por um órgão vital.
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