Inicialmente tratado como macroglobulinemia de Waldenström, o caso foi redefinido após exames avançados e passará a receber quimioterapia por 4 meses para mieloma múltiplo, com medidas de apoio clínico e mudanças no estilo de vida.
O caso de um paciente da Santa Casa de Araraquara, conduzido pelo Onco-Hematologista Dr. Vinicius Tomazine, inicialmente em acompanhamento por macroglobulinemia de Waldenström teve seu diagnóstico redefinido após exames de imagem e estudo imuno-histoquímico. As tomografias revelaram lesões ósseas líticas com partes moles no esterno e coluna lombar (L2), levantando forte suspeita de infiltração neoplásica.
A biópsia guiada e o painel imuno-histoquímico confirmaram neoplasia plasmocitária com clonalidade para cadeia leve Kappa (CD138+, CD79a+, CD20−, CD3−, Ki-67 em 30%), padrão típico de mieloma múltiplo ativo.
Diante do cenário, foi iniciado o protocolo quimioterápico VCD (Bortezomibe, Ciclofosfamida e Dexametasona), administrado em ciclos mensais por quatro meses consecutivos, com aplicação ambulatorial e acompanhamento clínico semanal.
Embora eficaz, o protocolo VCD pode causar efeitos colaterais, que devem ser monitorados. Os sintomas mais frequentes (>10%) incluem:
Hipotensão, erupções cutâneas
Constipação ou diarreia, perda de apetite
Náuseas, vômitos, anemia, tontura, fadiga, tosse, dispneia
Queda de cabelo, rash, alterações nas unhas
Náuseas, diarreia, vômitos
Leucopenia, neutropenia, amenorreia
Inchaço, vermelhidão, acne
Alterações na pressão, glicemia, sono e humor
Câimbras, visão turva, dor de estômago
Um antiviral (Aciclovir) é frequentemente usado como profilaxia contra infecções por Herpes, comuns em imunocomprometidos.
Apesar dos possíveis efeitos colaterais, os benefícios clínicos do tratamento VCD podem ser perceptíveis já nas primeiras semanas.
1 a 3 semanas: redução da dor óssea, melhora no apetite e energia
1º mês: queda de imunoglobulinas anormais, alívio mais evidente
3º ao 4º mês: estabilização ou regressão de lesões, menos analgésicos, mais mobilidade
O protocolo é possível com ajustes e monitoramento multidisciplinar. Diabetes exige atenção à glicemia (pela dexametasona); arritmias e quadros cardíacos requerem controle de pressão e função cardíaca. A maioria dos efeitos pode ser manejada com medicação de suporte.
Mensagem ética ao leitor
O tratamento não é apenas uma resposta médica — é uma estratégia de retomada da vida. Apesar dos desafios, o paciente bem assistido pode experimentar melhora significativa na dor, no humor e na autonomia em poucas semanas. O sucesso depende de uma equipe vigilante e do apoio contínuo à pessoa em tratamento.
Embora o tratamento medicamentoso seja essencial no combate ao mieloma múltiplo, o comportamento do paciente pode influenciar diretamente na resposta ao tratamento, na tolerância aos efeitos colaterais e na qualidade de vida durante os quatro meses de terapia.
Adotar uma alimentação anti-inflamatória e nutritiva:
Priorizar alimentos naturais, vegetais, frutas ricas em antioxidantes, proteínas magras, grãos integrais e evitar ultraprocessados, frituras e açúcares em excesso ajuda o corpo a lidar melhor com os efeitos da quimioterapia.
Manter caminhadas leves ou movimentações regulares, conforme a limitação individual:
O exercício, mesmo leve, estimula a circulação, reduz a fadiga e melhora o humor. Pacientes que caminham diariamente (mesmo por 10 a 15 minutos) frequentemente relatam melhoras no sono, no apetite e na disposição.
Evitar o isolamento:
Apoio familiar, espiritual ou psicológico fortalece o equilíbrio emocional, que tem impacto direto na resposta imunológica e na adesão ao tratamento.
Hidratar-se bem e respeitar os sinais do corpo:
O descanso é fundamental, assim como a hidratação constante, que ajuda rins e fígado a metabolizar os medicamentos com menos sobrecarga.
Em breve na TVSaude.Org: “Quando a Dor nos Ossos é Mais do que Envelhecimento: Sinais de Alerta para o Mieloma Múltiplo” – Informe-se e compartilhe.