Entre dores, remédios e vigilância constante, o relato honesto de como o corpo reage após o primeiro ciclo do tratamento contra o Mieloma Múltiplo.
A noite que seguiu a primeira quimioterapia não foi tranquila. O paciente relatou dores torácicas, múltiplas idas ao banheiro para urinar e uma sensação de inquietação que o impediu de descansar plenamente. O corpo começava a dar sinais de que estava sob o impacto das drogas quimioterápicas, ao mesmo tempo em que iniciava a adaptação à nova rotina de medicamentos.
Na manhã seguinte, ainda cansado, iniciou o ritual prescrito pela equipe médica. Em sequência, tomou:
Dexametasona (5 comprimidos): corticoide poderoso que ajuda a potencializar o efeito da quimioterapia e controlar inflamações. Seus efeitos colaterais podem incluir insônia, alterações de humor, aumento do apetite e elevação da glicemia.
Omeprazol (1 comprimido): protetor gástrico, essencial para evitar irritação no estômago causada pela dexametasona.
Aciclovir (1 comprimido): antiviral de uso profilático, para impedir a reativação de herpes e proteger o sistema imunológico já fragilizado.
Sulfametoxazol + Trimetoprima (1 comprimido): antibiótico de amplo espectro usado preventivamente contra infecções oportunistas, como a pneumonia por Pneumocystis jirovecii.
Ciclofosfamida (Baxter Genuxal 50 mg – 1 comprimido refrigerado): quimioterápico da classe dos agentes alquilantes, que atua danificando o DNA das células em divisão, impedindo sua multiplicação. É uma das bases do protocolo VCD, responsável por reduzir a massa tumoral e controlar a progressão da doença.
Dosagem: nesse protocolo, foi prescrita 1 cápsula de 50 mg/dia, armazenada sob refrigeração, garantindo a estabilidade do medicamento.
Benefícios esperados: reduzir a carga tumoral, aumentar a eficácia combinada com o bortezomibe e a dexametasona, além de preparar o paciente para fases futuras do tratamento.
Efeitos adversos possíveis: náuseas, queda de cabelo, redução da imunidade, cistite hemorrágica (irritação da bexiga) e fadiga. Por isso, a orientação de beber bastante água é crucial.
Monitoramento: exames regulares de sangue (hemograma, função renal e hepática) acompanham a tolerância do organismo ao medicamento.
Ao encarar essa bateria de comprimidos logo pela manhã, o paciente percebeu que a luta contra o mieloma não acontece apenas na sala de oncologia, mas continua em casa, comprimido por comprimido, dose por dose. A sensação é de disciplina forçada, mas também de confiança: cada cápsula representa mais um passo para controlar a doença.
"É muita coisa para assimilar de uma só vez, mas eu sei que cada remédio tem seu papel. O corpo reclama, mas a mente insiste em seguir firme", disse o paciente, tentando transformar desconforto em coragem.
O primeiro amanhecer após a quimioterapia é marcado por dor, vigilância e disciplina. Não há espaço para descuidos: a geladeira guarda a cápsula que pode salvar vidas, a água vira aliada essencial para proteger a bexiga, e cada comprimido tomado em sequência se transforma em parte da esperança.
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No próximo artigo: “Os primeiros sete dias após a quimioterapia — ajustes do corpo e da mente” — uma visão ampliada sobre como o organismo reage ao longo da primeira semana de tratamento.