Realidade virtual pode substituir cadáveres na formação médica?

Publicado por: Feed News
12/09/2025 18:21:17
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Realidade virtual já começa a substituir cadáveres em universidades nos EUA. / Ilustração Cortesia Editorial Ideia
Realidade virtual já começa a substituir cadáveres em universidades nos EUA. / Ilustração Cortesia Editorial Ideia

Realidade Virtual na Medicina: O Futuro Sem Dependência de Cadáveres?

Universidades nos Estados Unidos já testam a substituição de corpos reais por modelos em realidade virtual. Mas até onde essa tecnologia pode ir?

 

A necessidade que gera dilemas

No primeiro artigo desta série, mostramos como cadáveres se tornaram mercadoria em um mercado global. O problema central é claro: médicos precisam de corpos para treinar, mas a falta de regulamentação abre espaço para abusos e exploração.
A questão agora é: será que a tecnologia pode mudar esse cenário?

 

O caso da Case Western Reserve

Em 2023, a Case Western Reserve University, nos Estados Unidos, deu um passo ousado: retirou corpos humanos de seus programas de treinamento médico e os substituiu por simulações em realidade virtual.
Segundo o professor Mark Griswold, a mudança trouxe vantagens:

  • Modelos em 3D oferecem uma visão cristalina das estruturas anatômicas.

  • Estudantes podem explorar o corpo humano de forma interativa, com infinitas repetições sem desgaste.

  • Há redução de custos com preservação e transporte de cadáveres.

 

Limitações atuais

Apesar dos avanços, especialistas alertam: a realidade virtual ainda não substitui por completo a experiência prática em corpos reais.
Isso porque:

  • Texturas, resistência dos tecidos e a distinção entre nervos e vasos sanguíneos são detalhes difíceis de reproduzir digitalmente.

  • Situações reais de cirurgia envolvem variações imprevisíveis que só o contato com carne e sangue proporciona.

Assim, a tendência é que a tecnologia complemente — e não substitua totalmente — o uso de cadáveres nos próximos anos.

Um futuro inevitável

Com os avanços da inteligência artificial, gráficos hiper-realistas e simulações táteis, é provável que em poucas décadas os cadáveres sejam menos necessários. Isso traria benefícios importantes:

  • Mais dignidade na morte: reduzindo o comércio global de corpos.

  • Acesso democrático: universidades em países pobres poderiam treinar sem depender de doações ou importações.

  • Avanço contínuo: modelos virtuais podem ser atualizados com dados de milhões de exames e cirurgias reais.

 

O que isso significa para o Brasil

O uso de cadáveres em aulas de anatomia ainda é comum no Brasil, e o debate sobre realidade virtual é incipiente. Mas, diante do comércio global revelado pela BBC (link aqui), a reflexão é urgente: queremos continuar dependentes de práticas arriscadas e eticamente duvidosas, ou investir em soluções tecnológicas que assegurem dignidade e transparência?

 

No próximo artigo da série na TV Saúde: “Corpos Não Reclamados: o destino de quem morre sem família e o dilema da dignidade na morte”

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