Partículas invisíveis estão atravessando barreiras biológicas e podem estar ligadas a doenças cardíacas, diabetes e infertilidade.
O que antes era um problema distante — ilhas de lixo à deriva nos oceanos — agora é uma ameaça literalmente dentro de nós.
Cientistas confirmaram a presença de micro e nanopartículas de plástico em regiões críticas do corpo humano, incluindo artérias, pulmões, fígado, intestinos e placenta.
Essas partículas, invisíveis a olho nu, têm menos de 5 milímetros e são resultado da fragmentação do plástico presente em embalagens, roupas sintéticas, cosméticos e até na poeira doméstica.
Estudos recentes apontam que respiramos e ingerimos mais de 5 gramas de plástico por semana — o equivalente ao peso de um cartão de crédito.
A Queen Mary University de Londres alerta que os microplásticos não apenas se acumulam, mas podem interferir nas funções celulares. Os fragmentos menores, chamados nanoplásticos, têm dimensões tão reduzidas que conseguem penetrar barreiras biológicas, como o cérebro e o sistema reprodutivo.
O impacto disso é profundo:
No coração: estudos associam a presença dessas partículas ao aumento de inflamações e risco de infarto.
Nos pulmões: fragmentos inalados provocam irritações crônicas e podem contribuir para o surgimento de doenças respiratórias.
Na circulação: há indícios de que os plásticos interfiram na coagulação e no transporte de oxigênio.
Nos hormônios: alguns compostos usados na fabricação do plástico, como o bisfenol A (BPA) e os ftalatos, são conhecidos disruptores endócrinos — interferem na produção hormonal e podem causar infertilidade.
A doutora Kate Spencer, que participou dos estudos, afirma:
“O corpo humano não foi feito para lidar com plástico. A cada década, estamos descobrindo novas formas de contaminação invisível.”
Além da contaminação direta, o perigo se estende à cadeia alimentar. Peixes e crustáceos que ingerem microplásticos acabam servindo de rota para que essas partículas retornem ao corpo humano — um ciclo de poluição que começa e termina em nós.
No próximo conteúdo da TV Saúde: “Bactérias do Futuro — A Biotecnologia Que Pode Limpar o Planeta.”
Descubra como cientistas estão criando microrganismos capazes de “comer” o plástico e transformar o lixo do século XXI em energia limpa e novas possibilidades para o meio ambiente.