Esses conservantes comuns em carnes, molhos e embutidos mantêm a aparência do alimento — mas o preço pode ser a sua saúde.
Se você é do tipo que observa rótulos, provavelmente já se deparou com os termos nitrito de sódio (E250) e nitrato de potássio (E252). Eles são aditivos usados há décadas para prolongar a validade de carnes processadas, manter a cor rosada e evitar o crescimento de bactérias perigosas, como a Clostridium botulinum.
Mas há um detalhe que poucos sabem: essas substâncias podem se transformar em compostos cancerígenos dentro do corpo.
Os nitritos e nitratos, quando expostos ao ambiente ácido do estômago, reagem com aminoácidos e formam as chamadas nitrosaminas — compostos químicos associados ao desenvolvimento de câncer colorretal e gástrico.
“Não se trata apenas de quantidade, mas de frequência. Consumir esses aditivos todos os dias, mesmo em pequenas doses, causa um acúmulo de risco ao longo dos anos”, alerta a nutricionista britânica Kate Aldridge-Turner, do World Cancer Research Fund (WCRF).
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2015 já classificava carnes processadas como cancerígenas para humanos — e boa parte desse risco está diretamente ligada ao uso de nitritos e nitratos como conservantes.
Além de presunto, salsicha, bacon e salame, esses compostos também estão presentes em molhos prontos, sopas instantâneas, queijos fundidos e até alguns vegetais embutidos.
O problema é que, sem rótulos claros, o consumidor nem percebe que está ingerindo essas substâncias quase todos os dias.
Prefira produtos com rótulo “sem conservantes” ou “sem nitrito adicionado”.
Algumas marcas já utilizam alternativas naturais, como extrato de aipo ou suco de beterraba.
Evite o consumo diário de embutidos. Reserve-os para ocasiões pontuais.
Aumente o consumo de frutas e vegetais frescos. Eles contêm antioxidantes, como a vitamina C, que ajudam a bloquear a formação das nitrosaminas.
Leia os rótulos com atenção. Se encontrar “E249”, “E250”, “E251” ou “E252”, há nitrito ou nitrato no produto.
Enquanto o Reino Unido discute rótulos de risco para carne processada, países como a França e a Noruega já reduziram a presença desses aditivos em produtos industrializados. No entanto, em boa parte do mundo — incluindo o Brasil — os avisos ainda não são obrigatórios.
Isso significa que, todos os dias, milhões de pessoas consomem compostos potencialmente cancerígenos sem saber.
E o problema não é o sabor, mas o silêncio da informação.
A prevenção começa no prato — e a mudança começa pela consciência.
No próximo conteúdo da TV Saúde:
“A Verdade Sobre os Conservantes: Quando a Indústria Diz ‘Segurança’, o Que Ela Realmente Quer Dizer?”
Descubra quais substâncias estão por trás da longa vida dos produtos de prateleira e o que a ciência já sabe sobre seus efeitos no corpo humano.