A ciência confirma: mudanças alimentares reduzem riscos e melhoram a resposta ao tratamento. Mas hospitais ainda ignoram essa arma acessível e poderosa.
Em todo o mundo, cresce o número de pesquisas que associam nutrição adequada à prevenção e ao tratamento do câncer. Não se trata de moda ou de soluções milagrosas: é ciência sólida, publicada em revistas médicas e revisada por instituições internacionais de prestígio.
O World Cancer Research Fund (WCRF) e o Instituto Americano de Pesquisa do Câncer (AICR) apontam que até 40% dos casos de câncer poderiam ser prevenidos com mudanças de estilo de vida, especialmente na alimentação. Mais do que isso: pacientes em tratamento oncológico que adotam dietas equilibradas apresentam menos efeitos colaterais, melhor resposta à quimioterapia e recuperação mais rápida.
Entre as recomendações mais fortes estão:
Vegetais crucíferos (brócolis, couve, repolho), ricos em sulforafano, substância com propriedades anticancerígenas.
Frutas vermelhas, abundantes em antioxidantes que protegem o DNA.
Leguminosas e grãos integrais, que fornecem fibras essenciais para reduzir inflamações.
Chá verde, rico em polifenóis, com estudos que mostram efeitos na inibição da multiplicação celular descontrolada.
Evitar ultraprocessados e carnes processadas, já classificados pela OMS como cancerígenos.
Apesar dessas evidências, a maioria dos hospitais não inclui educação nutricional estruturada em seus protocolos. O paciente recebe orientações superficiais, muitas vezes limitadas a folhetos, mas raramente uma abordagem prática e contínua.
Esse silêncio gera uma pergunta desconfortável: por que abrir mão de uma arma tão poderosa e barata contra o câncer?
A resposta pode estar, em parte, em um sistema que ainda prioriza medicamentos de alto custo em vez de soluções acessíveis.
A solução não está em trocar quimioterapia por saladas — mas sim em integrar medicamentos e alimentação em uma estratégia única. Um paciente informado, que sabe como usar os alimentos certos, pode resistir melhor aos efeitos colaterais, sentir-se mais fortalecido e até reduzir complicações clínicas.
A nutrição não é um detalhe. É uma arma esquecida, acessível a todos, que deveria ser parte obrigatória da jornada contra o câncer. Ignorá-la é condenar pacientes a uma batalha desigual.
No próximo artigo da TVSaude.Org: “O Negócio do Câncer: como a indústria farmacêutica molda tratamentos e ignora a prevenção”