Nos três artigos anteriores desta série, mostramos o mercado global de corpos, os avanços da realidade virtual e o dilema dos corpos não reclamados.
A questão central permanece: como atender à necessidade científica sem abrir espaço para abusos que desrespeitam a dignidade humana?
Especialistas apontam que, assim como ocorre com a doação de órgãos, é preciso esclarecer a população sobre a importância da doação de corpos.
Hoje, a maioria das pessoas desconhece o destino de um corpo doado.
Universidades e órgãos de saúde poderiam lançar campanhas diretas, explicando os usos reais e os cuidados adotados.
Isso daria mais confiança às famílias e reduziria o espaço para práticas ilegítimas.
A falta de regras claras abre caminho para empresas que lucram explorando cadáveres. Países como o Reino Unido já proibiram explicitamente o comércio de partes humanas.
Nos Estados Unidos, brechas legais permitem que empresas cobrem taxas de “processamento”, transformando a prática em um negócio milionário.
O desafio é criar uma padronização global, para que ciência e lucro não se confundam.
A realidade virtual já mostrou que pode reduzir a dependência de cadáveres reais.
Modelos 3D permitem treinar cirurgias sem riscos.
Universidades podem democratizar o acesso, inclusive em países que sofrem com escassez de doações.
A longo prazo, o avanço de simulações táteis pode transformar completamente a prática médica.
Mais do que uma questão científica, este debate é sobre humanidade.
Cada corpo representa uma vida que merece ser respeitada até o fim.
Encontrar o equilíbrio entre avanço da ciência e respeito aos mortos é um pacto ético que precisa envolver governos, universidades, médicos e a sociedade como um todo.
Convite para o próximo artigo:
Nova série em breve na TV Saúde: “Doação de Órgãos: mitos, verdades e os desafios no Brasil”