Doença de pele afeta a região íntima feminina, causa dor intensa e pode ser confundida com infecções comuns. Muitas mulheres convivem com ela por décadas sem diagnóstico.
"Eu dava desculpas ao meu marido para evitar sexo... mas era a dor que falava por mim". O desabafo é de Clare Baumhauer, inglesa de 52 anos, que só recebeu o diagnóstico correto de líquen escleroso vulvar aos 43 — depois de uma vida inteira convivendo com coceira intensa, feridas e dor ao urinar, andar ou ter relações sexuais. a BBC Ecreveu sobre isso AQUI.
Essa condição, ainda pouco conhecida até mesmo entre médicos, é uma doença de pele que pode afetar gravemente a vulva. Embora não seja contagiosa nem causada por falta de higiene, o líquen escleroso pode causar fusão dos pequenos lábios, retração do clitóris e tornar o sexo extremamente doloroso.
Assim como Clare, muitas mulheres são tratadas durante anos como se tivessem infecções fúngicas ou urinárias, sem sucesso. Outras nunca se queixam por vergonha — e algumas sequer sabem que algo está errado.
A indiana Meenakshi Choksi, hoje com 85 anos, também viveu o drama do diagnóstico tardio. Foram 24 anos até que um dermatologista finalmente identificasse o líquen escleroso e iniciasse o tratamento que transformou sua qualidade de vida.
No Brasil, casos como o de "Lúcia", de 50 anos, são igualmente frequentes. Ela foi diagnosticada por acaso por uma amiga dermatologista. Seu ginecologista, que a atendia há décadas, nunca desconfiou de nada. “Ele ficou envergonhado ao saber”, conta.
O problema, segundo especialistas, é a falta de preparo. Um estudo britânico revelou que 38% dos médicos nunca receberam treinamento específico sobre doenças da vulva. Além disso, não existem critérios diagnósticos objetivos para a condição — o que aumenta as chances de erro.
Além das lesões físicas, o líquen escleroso carrega um impacto emocional devastador. Muitas mulheres se calam por vergonha de falar sobre a própria vulva, um tabu ainda forte mesmo em tempos de informação abundante.
“Há dor, há mudanças visíveis, mas também há culpa, medo e silêncio”, diz Clare, que hoje lidera um grupo online com mais de 13 mil mulheres diagnosticadas.
Embora não tenha cura, a doença pode ser controlada com pomadas à base de corticoide. Quando não tratada, pode evoluir para câncer de vulva em alguns casos — ainda que a maioria dos médicos considere esse risco baixo.
O mais importante, segundo especialistas, é romper o silêncio. Clare e Meenakshi fazem um apelo comum: não ignore os sintomas, procure ajuda médica, insista em ser ouvida.
Sintoma | Descrição |
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Coceira intensa e frequente | Principal queixa; pode surgir ainda na infância |
Dor durante o sexo (dispareunia) | Queimação ou dor forte durante a relação |
Fissuras, bolhas ou sangramentos | Lesões que dificultam andar, urinar ou evacuar |
Alterações anatômicas da vulva | Fusão dos pequenos lábios, encolhimento ou rigidez da pele |
Pele branca, fina ou enrugada | Aspecto semelhante a “papel de cigarro” |
Sensibilidade pós-sexo | Região fica inflamada ou dolorida após a relação |
Desconforto crônico sem explicação | Diagnósticos errados comuns: candidíase, cistite ou alergias |