Estudo revela que microplásticos estão presentes nos testículos humanos, fluido seminal e folicular, afetando a saúde reprodutiva e potencialmente comprometendo a fertilidade
Nos últimos anos, a poluição por microplásticos tem se tornado um dos maiores desafios ambientais. E agora, os cientistas fizeram uma descoberta alarmante: esses pequenos fragmentos de plástico estão penetrando no corpo humano de formas inesperadas. Recentemente, microplásticos foram encontrados nos testículos humanos, no fluido seminal dos homens e no fluido folicular das mulheres – áreas cruciais para a saúde reprodutiva.
O estudo, publicado na revista Human Reproduction, revela que a presença de microplásticos pode afetar o desenvolvimento saudável de óvulos e espermatozoides, levando a um aumento nos casos de infertilidade. Mas o que exatamente está acontecendo?
Onde foram encontrados os microplásticos?
Os cientistas realizaram análises em amostras de fluido folicular de 25 mulheres e fluido seminal de 18 homens, todos doadores ou pacientes de uma clínica de saúde reprodutiva na Espanha. Usando microscopia infravermelha a laser, microplásticos foram detectados nas amostras. Esses fragmentos, com até cinco milímetros de tamanho, incluíam os tipos de plásticos mais comuns, como polietileno, PVC, poliuretano e PET.
Embora a concentração de microplásticos fosse baixa em comparação com partículas biológicas presentes nas amostras, a presença foi significativamente mais alta no fluido folicular feminino do que no fluido seminal masculino. Em particular, mais da metade das amostras de fluido folicular continham partículas de poliamida, polietileno e poliuretano, com quase um terço das amostras apresentando plástico PET e Teflon.
Em contraste, menos de 30% das amostras de fluido seminal continham microplásticos, mas o Teflon foi encontrado em 56% das amostras, o que pode indicar uma ameaça maior à fertilidade das mulheres do que dos homens.
Efeitos nos testículos e fertilidade
Os microplásticos não se limitam ao fluido folicular e seminal. A pesquisa também encontrou microplásticos nos testículos humanos, em diferentes concentrações nas amostras estudadas. Essa descoberta é alarmante, já que a presença de microplásticos nos testículos dos cães foi associada à diminuição da fertilidade, levantando preocupações sobre o impacto nas funções reprodutivas humanas.
Além disso, os microplásticos podem afetar a saúde de um bebê já concebido. Foram encontrados em todas as placentas humanas examinadas, o que sugere um risco potencial para o desenvolvimento fetal.
Outros órgãos afetados
Os microplásticos não param por aí. Eles também foram detectados no sangue humano, principalmente como polietileno, e, ao longo da corrente sanguínea, chegaram ao coração, onde foram encontrados em cinco tecidos diferentes. Sua presença nas placas das artérias está associada a um risco aumentado de doenças cardíacas.
O cérebro humano também não ficou imune a essa poluição. Os microplásticos foram encontrados em concentrações mais altas no cérebro do que em outros órgãos, como o fígado e os rins. Estudos em ratos também mostraram que esses fragmentos de plástico podem causar danos cerebrais, afetando as funções cognitivas.
A presença de microplásticos no corpo humano, especialmente nas áreas cruciais para a saúde reprodutiva, é uma descoberta preocupante. Com a proliferação dos plásticos em nosso ambiente, é fundamental que mais pesquisas sejam feitas para entender os impactos desses poluentes em nossa saúde e, especialmente, como eles afetam nossa capacidade reprodutiva. A conscientização sobre esse problema deve se expandir, pois, como vimos, os microplásticos estão mais presentes em nosso corpo do que imaginávamos.
Fique atento para o próximo artigo, onde exploraremos como a poluição ambiental continua a afetar nossa saúde e o que mais os microplásticos podem estar fazendo dentro de nós.