Primeiro hospital público de cuidados paliativos do Brasil, o Mont Serrat transforma o fim da vida em um gesto de escuta, alívio e acolhimento — uma revolução silenciosa no coração do SUS.
No alto de Monte Serrat, em Salvador, onde o mar encontra o céu, nasceu uma proposta inédita no Brasil: o primeiro hospital público voltado exclusivamente para cuidados paliativos, sob gestão das Obras Sociais Irmã Dulce e vinculado ao Governo da Bahia.
Com 70 leitos clínicos, sendo 63 para adultos e 7 pediátricos, o Hospital Mont Serrat – Cuidados Paliativos (HMS) é muito mais que uma unidade hospitalar. É um refúgio de dignidade para quem enfrenta doenças graves, crônicas ou em fase de terminalidade.
Ali, não há UTI, nem sala de reanimação, mas há conversas, escolhas e respeito. Os pacientes recebem cuidados humanizados com foco no alívio da dor, do sofrimento físico e emocional. É também um hospital que oferece acompanhamento às famílias — inclusive com espaços como a Sala da Saudade, para despedidas com dignidade.
“Aqui, o foco é o cuidado, enquanto houver vida”, explica a médica Karoline Apolônia, coordenadora da unidade.
Com capacidade de atender mais de 2 mil pacientes por mês, o HMS oferece:
A BBC News Brasil narrou histórias tocantes no hospital — como a de Ayrton, ex-maratonista de 90 anos, que ao chegar ao hospital redescobriu o bairro da juventude e voltou a sorrir.
Ou a de Dona Maria, que só pediu água no dia do aniversário. Com a filha ao lado, tomou a bebida aos poucos, rodeada de enfermeiras — e partiu 15 dias depois.
“Ela não teve dor. E isso me conforta”, disse a filha.
Segundo o IBGE, em 2070 cerca de 40% da população brasileira será idosa. Karoline alerta:
“Se não nos organizarmos como sistema, não conseguiremos cuidar dessas pessoas que estão envelhecendo.”
O Mont Serrat mostra que é possível fazer diferente — e melhor — dentro do SUS.
Que vida e morte podem coexistir com beleza, presença e respeito.
Crédito da reportagem adicional:
BBC News Brasil