A síndrome de despersonalização faz com que o indivíduo se sinta separado de si mesmo, como se observasse a vida em terceira pessoa. Entenda o que causa essa condição e como tratá-la.
A despersonalização é um distúrbio perceptivo que provoca a sensação de estar “fora de si” — como se o corpo, as ações e até os pensamentos não pertencessem mais ao indivíduo. Embora seja uma resposta do cérebro a situações extremas de estresse, ansiedade ou trauma, em muitos casos ela se torna persistente, interferindo profundamente na vida pessoal e profissional.
Segundo especialistas em neurologia e psiquiatria, o cérebro, em situações de sobrecarga emocional, ativa mecanismos de defesa que “desligam” parcialmente a percepção de si mesmo. É uma forma de proteção diante de experiências que o organismo entende como insuportáveis.
Entre os sintomas mais comuns estão:
Sensação de estar assistindo à própria vida como um filme;
Dificuldade em reconhecer o próprio corpo ou rosto no espelho;
Perda da sensação de tempo ou realidade;
Falta de emoções diante de situações que antes causavam alegria ou tristeza.
É importante distinguir a despersonalização da fadiga ou do estresse comum. Enquanto estes passam com descanso, a despersonalização pode durar semanas, meses ou até anos, e muitas vezes requer tratamento multidisciplinar, envolvendo psicoterapia, terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicação.
O tratamento busca restabelecer o vínculo entre corpo e mente. Técnicas de grounding (ou “enraizamento”) — como observar o ambiente, tocar objetos de texturas diferentes e focar na respiração — ajudam o paciente a recuperar a sensação de presença e realidade.
A psiquiatra entrevistada ressalta que o mais importante é não banalizar o sintoma. Muitas pessoas acreditam estar “ficando loucas”, quando na verdade estão enfrentando uma resposta cerebral de defesa diante do trauma ou da exaustão.
No próximo artigo da TVSaude.Org, vamos explicar como a ansiedade pode provocar sintomas físicos intensos, como tremores, formigamentos e visão embaçada — e por que isso não significa necessariamente uma doença neurológica.