Como Ajudar Sem Invadir: O Papel da Família na Vida de Quem Tem Esclerose Múltipla

Publicado por: Feed News
20/06/2025 20:00:00
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O apoio familiar é essencial no tratamento da esclerose múltipla, desde que respeite a autonomia e os limites do paciente./Ilustração Cortesia Editorial Ideia
O apoio familiar é essencial no tratamento da esclerose múltipla, desde que respeite a autonomia e os limites do paciente./Ilustração Cortesia Editorial Ideia

Cuidar de alguém com esclerose múltipla é um gesto de amor — mas exige equilíbrio, escuta ativa e a consciência de que o paciente continua sendo protagonista da própria vida.

 

Conviver com uma doença crônica como a esclerose múltipla (EM) é um desafio diário para quem recebe o diagnóstico — mas também para os que convivem com essa pessoa. Familiares e cuidadores são figuras centrais no processo de enfrentamento da doença. No entanto, nem sempre sabem como ajudar sem ultrapassar limites emocionais, físicos ou psicológicos.

 

O paciente precisa de apoio — não de tutela

A primeira armadilha para a família é o excesso de zelo. Muitas vezes, por medo ou compaixão, familiares começam a tomar decisões no lugar do paciente: o que ele deve comer, quando deve descansar, se pode ou não sair de casa.

Essa postura, ainda que bem-intencionada, pode infantilizar o paciente e comprometer sua autoestima. Como ressaltam especialistas, o papel da família é dar suporte, e não controle.

 

Escutar é mais importante que sugerir

Ao conversar com alguém com EM, evite conselhos prontos, frases motivacionais vazias ou fórmulas mágicas. Em vez disso, pratique a escuta ativa. Pergunte:

  • "Como você está se sentindo hoje?"

  • "Quer que eu te acompanhe ou prefere ir sozinho(a)?"

  • "Tem algo que eu possa fazer para te ajudar agora?"

Essas perguntas dão ao paciente o poder da escolha, e isso é vital para manter sua autonomia.

 

Respeite os dias bons e ruins

A esclerose múltipla tem natureza imprevisível. O paciente pode estar bem hoje e, amanhã, acordar com fadiga severa ou dormência. É importante que familiares entendam que isso não é preguiça ou falta de vontade — é o corpo sob ataque do próprio sistema imunológico.

Evite cobranças como “mas ontem você andou tão bem” ou “você está exagerando”. A aceitação das flutuações é parte do cuidado genuíno.

 

Cuidar do cuidador também é parte do processo

Cuidar exige energia física, emocional e psicológica. Por isso, o cuidador também precisa de apoio. Grupos de escuta, psicoterapia e tempo pessoal devem fazer parte da rotina de quem se dedica a acompanhar um ente querido com EM.

O esgotamento do cuidador pode se refletir em impaciência, culpa ou até em falhas no cuidado — por isso, cuidar de si mesmo é essencial para cuidar do outro.

 

Participar, sem invadir

A melhor forma de ajudar é estar presente nos momentos críticos — como hospitalizações, surtos, consultas médicas — e também nos cotidianos: compras, transporte, atividades simples.

No entanto, o paciente deve ser incentivado a fazer o que pode sozinho, ainda que de forma diferente ou adaptada. Cada pequeno gesto de independência reforça sua autoestima e sensação de controle sobre a vida.

 

A comunicação é o alicerce

Uma casa com paciente crônico precisa ser, antes de tudo, um ambiente de diálogo sincero, sem tabus. Falar sobre medo, dor, planos, expectativas e frustrações faz parte do processo de reconstrução.

Não se trata de fingir que está tudo bem o tempo todo — mas de construir juntos um caminho possível e real.

 

Convite para o próximo artigo

No próximo artigo da série, vamos discutir os direitos legais das pessoas com esclerose múltipla: acesso ao tratamento, aposentadoria por invalidez, isenção de impostos e muito maiso que a lei garante, mas pouca gente conhece.

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