Agente Comunitário: O Guardião Esquecido da Saúde Pública no Brasil

Publicado por: Feed News
12/06/2025 18:45:57
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Agente Comunitária de Saúde em ação: presença nas comunidades, escuta ativa e dados essenciais para a saúde pública./Ilustração Cortesia Editorial Ideia
Agente Comunitária de Saúde em ação: presença nas comunidades, escuta ativa e dados essenciais para a saúde pública./Ilustração Cortesia Editorial Ideia

Com escassez de médicos e excesso de burocracia, o ACS pode ser a ponte real entre a população e o sistema de saúde. Mas para isso, precisa sair da invisibilidade.

 

Enquanto nos postos de saúde os médicos e enfermeiros enfrentam filas e desafios técnicos, há uma força silenciosa e muitas vezes esquecida que pode mudar o jogo da saúde pública no Brasil: o Agente Comunitário de Saúde (ACS).

Ele não atende com jaleco, não prescreve remédios nem faz procedimentos. Mas sabe o nome de cada morador da rua, conhece as histórias, os hábitos, os sintomas silenciosos e os riscos escondidos nas famílias brasileiras. O ACS é a porta de entrada real do SUS — ou deveria ser.

 

Infelizmente, o que se vê em muitas cidades do país são agentes sem apoio, sem estrutura e muitas vezes sem sequer visitar os domicílios. Como no caso da costureira Lili da Rua Lindoia Tine de Sousa, jamais recebeu visita do SUS, ou um morador de 70 anos, do Bairro Kennedy em Caruaru, que afirma que nunca recebeu a visita da agente de saúde, embora o nome da profissional conste regularmente na folha de pagamento da prefeitura. Isso não é exceção — é sintoma de um modelo que precisa urgentemente de revisão.

 

O que o ACS pode (e deveria) fazer

Segundo a Política Nacional de Atenção Básica, o ACS tem atribuições claras e valiosas:

  • Visitas domiciliares periódicas

  • Identificação precoce de sinais e sintomas

  • Acompanhamento de gestantes, crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas

  • Orientações sobre alimentação, higiene, vacinação, saúde bucal e mental

  • Prevenção de surtos, acidentes e violência doméstica

  • Atualização de prontuários e registros digitais (e-SUS)

Mais do que funções técnicas, o ACS tem algo que nenhum outro profissional do sistema tem: a confiança comunitária.

 

Potencial desperdiçado

O que falta para que esses profissionais assumam o protagonismo? Três palavras: formação, valorização e fiscalização.

  • Muitos agentes trabalham sem supervisão adequada ou capacitação contínua;

  • Os salários, em sua maioria, mal ultrapassam o salário mínimo, mesmo com funções de alta responsabilidade;

  • As metas são mais administrativas do que humanas: contar visitas, e não prevenir doenças.

Enquanto isso, o sistema gasta bilhões tratando doenças que poderiam ser evitadas com escuta, informação e acompanhamento ativo nas casas.

 

Hora de virar o jogo

A solução não está apenas em contratar mais médicos, mas em empoderar quem já está inserido no cotidiano da população. Dar protagonismo aos ACS significa:

  • Reduzir internações evitáveis

  • Antecipar surtos de dengue, gripe e outras doenças

  • Promover qualidade de vida com base em vínculos e escuta

  • Reforçar a lógica da saúde preventiva que sustenta o SUS

 

Convite para o próximo artigo da TVSaúde.Org:

No próximo artigo da série, vamos revelar como o retorno estratégico dos Agentes Comunitários às ruas pode transformar bairros inteiros em zonas de prevenção ativa, com impacto real na redução de doenças crônicas e surtos sazonais.

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