Com tecnologia que responde em tempo real aos sintomas, nova clínica com IA reduz filas, melhora o acesso ao tratamento e já é considerada um modelo promissor de saúde pública.
Um marco na história da saúde pública acaba de ser oficialmente reconhecido no Reino Unido: foi lançada a primeira clínica digital de fisioterapia controlada por inteligência artificial, com resultados tão promissores que especialistas já consideram sua expansão inevitável para outros países.
Criada para aliviar a pressão sobre o sistema nacional de saúde britânico (NHS), a plataforma Flok Health usa IA para atender pacientes com dores musculoesqueléticas — como nas costas, joelhos e pescoço —, problema responsável por mais de 30 milhões de dias de trabalho perdidos por ano no país.
O diferencial? Os pacientes recebem atendimento no mesmo dia do encaminhamento, por meio de avaliações em vídeo, com acompanhamento inteligente e prescrição automatizada de exercícios. A IA interpreta os sintomas, responde em tempo real e ajusta o plano de tratamento com base no progresso.
“É como uma videochamada com um fisioterapeuta, mas tudo é processado nos servidores da IA, criando uma experiência individualizada e contínua”, explica Finn Stevenson, cofundador da Flok e médico britânico.
Nos testes-piloto realizados entre maio e dezembro de 2023 com mais de 1.000 profissionais do NHS, 80% relataram melhora significativa nos sintomas. E 57% afirmaram que o atendimento por IA foi melhor do que o de um fisioterapeuta presencial.
Com isso, a plataforma se tornou a primeira oficialmente reconhecida como provedora de serviços de saúde digital no país. O lançamento nos consultórios comunitários será feito ao longo de 2025 com apoio direto do NHS.
Além de reduzir listas de espera, a Flok também evita o esgotamento de recursos humanos: a escassez de fisioterapeutas tem se agravado com o envelhecimento e o aumento da obesidade na população britânica. Estima-se que a demanda tenha crescido 27% em um ano.
Apesar dos resultados promissores, o projeto também gera debates. Organizações de fisioterapia alertam que, embora a IA seja uma ferramenta poderosa, não substitui o julgamento clínico humano.
“Ainda é cedo para dizer se a IA pode tomar decisões clínicas com segurança. Ela deve atuar como complemento, não como substituta”, afirma Ian McComisky, da CSP Health Informatics.
Mesmo com essa ressalva, a Flok não registrou nenhum sinal de alerta ignorado durante os testes. A tecnologia decide automaticamente se o paciente pode iniciar o tratamento digital ou se deve ser encaminhado para médicos humanos.
A Flok também é vista como alternativa para sistemas públicos em crise, como o brasileiro, onde o tempo de espera para fisioterapia pode ultrapassar meses. Se aprovada para uso internacional, pode beneficiar milhares de brasileiros com dor crônica ou lesões que afetam diretamente sua qualidade de vida.
Convite para o próximo artigo:
No próximo conteúdo da TV Saúde, entenda como a inteligência artificial está sendo treinada para identificar lesões invisíveis na coluna, e o que isso significa para quem sofre com dores há anos sem diagnóstico preciso.
