Novo estudo revela que a verdadeira causa da obesidade em países desenvolvidos está mais relacionada à dieta e ao consumo de alimentos ultraprocessados do que à falta de atividade física.
Novo estudo revela que a verdadeira causa da obesidade em países desenvolvidos está mais relacionada à dieta e ao consumo de alimentos ultraprocessados do que à falta de atividade física.
A obesidade sempre foi considerada um problema causado principalmente pela falta de atividade física, especialmente em países desenvolvidos. Contudo, um novo estudo, publicado na revista científica PNAS, desafia essa visão tradicional e coloca a dieta como a principal culpada pela epidemia de obesidade.
Pesquisadores de todo o mundo, liderados pelo professor Herman Ponzer da Duke University, realizaram um estudo que envolveu mais de 4.200 pessoas de 34 países e diferentes grupos culturais. A pesquisa demonstrou que, ao contrário do que se pensava, os habitantes de países desenvolvidos, como os Estados Unidos e a Europa, não queimam menos calorias do que os de países menos industrializados, como os caçadores-coletores hadza da Tanzânia ou os pastores tuvanos da Sibéria.
A Inatividade Não é a Principal Causa
Durante décadas, a crença predominante era de que a falta de atividade física nos países industrializados estava diretamente ligada ao aumento do ganho de peso e à obesidade. No entanto, os novos dados refutam essa teoria. Ponzer e sua equipe utilizaram a técnica de "água duplamente marcada", o "padrão ouro" para estudar o metabolismo, para medir com precisão o gasto de energia de indivíduos em diferentes partes do mundo. Os resultados mostraram que, apesar de estilos de vida mais sedentários em países desenvolvidos, o gasto total de calorias de americanos e europeus é, na maioria das vezes, semelhante ao de populações que vivem em regiões menos industrializadas.
A Dieta é o Grande Vilão
A grande descoberta do estudo foi a confirmação de que, quando se trata de obesidade, a dieta tem um impacto muito maior do que a atividade física. O estudo revelou que aumentar a ingestão de energia (calorias) foi 10 vezes mais relevante no aumento do percentual de gordura corporal do que a redução do gasto de calorias.
A análise das dietas revelou uma forte correlação entre o alto consumo de alimentos ultraprocessados — produtos industriais com cinco ou mais ingredientes — e um aumento significativo no percentual de gordura corporal. Como pontuou Barry Popkin, professor da Escola Gillings de Saúde Pública Global da Universidade da Carolina do Norte, "a dieta é a principal culpada em nossa atual epidemia de obesidade".
O Impacto dos Alimentos Ultraprocessados
O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que incluem fast food, snacks embalados e bebidas açucaradas, tem sido diretamente ligado ao aumento da obesidade nos países desenvolvidos. Esses alimentos são ricos em calorias, açúcares e gorduras saturadas, mas pobres em nutrientes essenciais, o que leva ao ganho de peso excessivo quando consumidos em grande quantidade.
Não É Só Sobre Atividade Física
Embora o estudo tenha refutado a ideia de que a inatividade seja a principal responsável pela obesidade, isso não significa que o exercício físico não seja importante. Ponzer afirmou que a prática regular de atividade física continua sendo essencial para a saúde geral do corpo, mas para combater a obesidade, as políticas públicas devem focar na alimentação, especialmente na redução do consumo de alimentos ultraprocessados.
A prevenção e o tratamento da obesidade devem, portanto, ser abordados de forma abrangente, focando não apenas na promoção de hábitos mais ativos, mas principalmente na mudança dos hábitos alimentares. A educação nutricional e a conscientização sobre os malefícios dos alimentos ultraprocessados são essenciais para combater essa crescente epidemia.
Em resumo
Este estudo lança uma nova luz sobre as causas da obesidade e destaca a importância de rever a forma como abordamos a alimentação em nossa sociedade. Para combater a obesidade, é imperativo focar na qualidade da dieta e reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, mais do que atribuir culpa à falta de exercício físico. Isso exigirá mudanças significativas nas políticas públicas e nos hábitos alimentares de todos nós.
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No próximo artigo, vamos explorar as melhores alternativas alimentares para combater a obesidade e como pequenas mudanças podem ter um grande impacto na sua saúde.