O câncer não afeta apenas o corpo. Ele sequestra a energia mental, esgota a força interior e muitas vezes rouba o desejo de lutar. Entenda por quê.
A ciência já reconhece: o câncer, em muitos casos, atinge também a mente. Pacientes diagnosticados com diferentes tipos de tumor relatam uma queda brusca na motivação, vontade de viver e capacidade de reagir emocionalmente — mesmo antes de iniciarem o tratamento.
Essa sensação de “sequestro emocional” tem explicação. A doença pode interferir diretamente nas estruturas cerebrais, quando há metástases, mas também de forma indireta, por vias hormonais e inflamatórias.
A neuroinflamação causada pelo câncer libera substâncias como o TNF-alfa e a interleucina-6, que impactam regiões do cérebro ligadas ao prazer, ao ânimo e à recompensa. Em paralelo, o próprio diagnóstico impõe uma carga psíquica massiva — gerando fadiga mental, apatia, distúrbios do sono e ansiedade intensa.
Estudos indicam que 30% a 40% dos pacientes oncológicos desenvolvem transtornos depressivos ou ansiosos, o que interfere negativamente na resposta imunológica e na adesão ao tratamento.
Cuidar da motivação não é um luxo — é parte do tratamento. Apoio psicológico, meditação, intervenções com arte, música e espiritualidade vêm sendo cada vez mais usados como aliados no combate ao colapso emocional.
Não é fraqueza. É efeito colateral. E precisa ser tratado com a mesma atenção que qualquer sintoma físico.
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O terceiro conteúdo fecha a trilogia com um tema urgente: o sofrimento silencioso de quem cuida. Vem aí: “Quem Cuida de Quem Cuida?” – uma atualização da nossa série sobre os cuidadores.