Os estudos mais recentes revelam que microplásticos não apenas chegam ao cérebro humano — eles podem interferir em processos essenciais e favorecer doenças como Alzheimer e Parkinson.
Cientistas já haviam confirmado a presença de microplásticos no corpo humano, incluindo na circulação e no pulmão. Agora, evidências recentes mostram que essas partículas também conseguem atingir o cérebro — e que sua presença pode estar relacionada ao desenvolvimento e ao agravamento de doenças neurodegenerativas.
Essa conclusão vem de uma ampla revisão científica publicada na revista Molecular and Cellular Biochemistry, realizada por uma equipe internacional de pesquisadores. Segundo o levantamento, há cinco mecanismos principais pelos quais os microplásticos podem prejudicar o sistema nervoso central.
O cérebro possui sua própria “polícia imunológica”: a micróglia. Quando microplásticos entram em contato com essas células, elas passam a atacar o material desconhecido, desencadeando um processo inflamatório que danifica tecidos e neurônios próximos.
2. Aumento do estresse oxidativo — ataque de radicais livres
Os microplásticos elevam significativamente a produção de espécies reativas de oxigênio, ao mesmo tempo em que enfraquecem os sistemas antioxidantes naturais do corpo. Quando esse equilíbrio se rompe, proteínas, lipídios e membranas celulares passam a sofrer danos contínuos.
A barreira hematoencefálica é o “filtro” que protege o cérebro contra toxinas.
Segundo o pesquisador Kamal Dua, da Universidade de Tecnologia de Sydney, os microplásticos enfraquecem essa barreira, tornando-a permeável. Isso permite a entrada de substâncias nocivas antes bloqueadas e intensifica a inflamação cerebral.
As mitocôndrias são responsáveis por produzir ATP, o combustível das células.
De acordo com os estudos, microplásticos comprometem essa produção energética, reduzindo a capacidade funcional dos neurônios. Células sem energia suficiente tornam-se frágeis, lentas e mais suscetíveis à morte.
Além de desencadear processos indiretos, partículas plásticas podem interagir diretamente com as células nervosas, provocando alterações estruturais e funcionais que comprometem a transmissão dos impulsos elétricos.
A revisão também analisou como os microplásticos podem influenciar doenças específicas:
No Alzheimer, eles parecem favorecer o acúmulo de beta-amiloide e de tau fosforilada — proteínas características da doença.
No Parkinson, podem desencadear acúmulo anormal de alfa-sinucleína e lesões em neurônios dopaminérgicos.
Os cientistas ressaltam que ainda não há uma comprovação definitiva de causa e efeito, mas a soma das evidências indica que os microplásticos podem intensificar processos já envolvidos nessas enfermidades.
O pesquisador Keshav Raj Paudel, também da Universidade de Tecnologia de Sydney, recomenda mudanças práticas que reduzem a exposição diária:
Evitar utensílios plásticos, especialmente aquecidos.
Trocar tábuas de corte de plástico por madeira.
Preferir fibras naturais a tecidos sintéticos.
Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados e embalados.
Evitar secadoras de roupa, que liberam microfibras no ambiente.
Ele reforça: “Precisamos mudar nossos hábitos e usar menos plástico.”
No próximo conteúdo, vamos revelar quais alimentos comuns liberam mais microplásticos no corpo — e como reduzi-los na prática.