A epidemiologista Elizabeth Wiederpass, diretora da IARC, faz um alerta claro: sem prevenção, o mundo — especialmente países como o Brasil — não conseguirá lidar com a explosão de casos de câncer nas próximas décadas.
Lendo um artigo recente publicado wm um jornal paulista, a mensagem central é direta e desconfortável: a prevenção segue sendo o elo mais fraco das políticas globais de combate ao câncer.
Segundo Elizabeth Wiederpass, que dirige a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ligada à Organização Mundial da Saúde, o mundo caminha para um verdadeiro tsunami de novos casos, impulsionado principalmente por dois fatores combinados: envelhecimento populacional e estilos de vida pouco saudáveis.
Os números já são alarmantes.
Em 2022, o mundo registrou 20 milhões de novos casos de câncer e 10 milhões de mortes pela doença.A tendência, segundo a cientista, é de crescimento acelerado nas próximas décadas, especialmente em países de baixa e média renda, como o Brasil, onde os sistemas de saúde já operam sob forte pressão.
Apesar dos avanços tecnológicos em diagnóstico e tratamento, Wiederpass é enfática: nenhum sistema de saúde suportará sozinho essa carga sem investir seriamente em prevenção.
Foi justamente com esse objetivo que a IARC, em parceria com a OMS e a OPAS, desenvolveu o Código Latino-Americano e Caribenho Contra o Câncer, que reúne 17 medidas baseadas em evidências científicas, capazes de reduzir significativamente o risco da doença.
Entre elas estão ações simples, mas muitas vezes ignoradas:
Não fumar e evitar ambientes com fumaça
Manter peso saudável e praticar atividade física regularmente
Reduzir o consumo de álcool
Priorizar alimentação natural e evitar ultraprocessados
Proteger-se do sol
Vacinar-se contra HPV e hepatite B
Participar de programas de rastreamento e diagnóstico precoce
A estimativa da OMS é clara: entre 30% e 50% dos casos de câncer poderiam ser evitados com políticas públicas eficazes e mudanças sustentáveis no estilo de vida.
Para países como o Brasil, o alerta é ainda mais urgente. O rápido envelhecimento da população, aliado à desigualdade no acesso à informação, prevenção e diagnóstico precoce, cria um cenário de risco real de colapso futuro do sistema de saúde.
A mensagem deixada por Elizabeth Wiederpass é direta:
Não basta tratar melhor. É preciso adoecer menos.
Sem uma virada estrutural na forma como governos, sociedade e indivíduos encaram a prevenção, o custo humano, social e econômico do câncer será insustentável.
No próximo conteúdo, vamos detalhar uma a uma as 17 medidas de prevenção do câncer, explicando como elas funcionam na prática e por que ainda enfrentam tanta resistência política, econômica e cultural.