Uma nova pesquisa revela que dietas vegetarianas — especialmente veganas — podem reduzir o risco geral de câncer e proteger contra tumores de estômago, colorretal e linfáticos.
Cientistas acabam de revelar uma descoberta que pode transformar a forma como enxergamos a prevenção do câncer. Um estudo robusto, publicado no American Journal of Clinical Nutrition, analisou hábitos alimentares de mais de 79 mil pessoas e concluiu que dietas vegetarianas — principalmente veganas — estão associadas a um risco consideravelmente menor de desenvolver vários tipos de câncer.
Os números impressionam: vegetarianos apresentaram 12% menos risco geral de câncer, enquanto veganos registraram uma redução ainda maior — 24%. Os impactos positivos foram especialmente fortes em câncer de estômago, linfomas e tumores colorretais, três das doenças oncológicas mais temidas atualmente.
Os dados vieram do Adventist Health Study-2 (AHS-2), uma das maiores e mais respeitadas análises de saúde e estilo de vida no mundo. Os pesquisadores dividiram os participantes em grupos: veganos, ovolactovegetarianos, pescovegetarianos e não vegetarianos. Depois, compararam a ocorrência de câncer nos anos seguintes.
Mesmo após ajustes rigorosos — idade, sexo, etnia, IMC e outros fatores — o padrão permaneceu claro: quanto maior o consumo de alimentos vegetais, menor o risco.
Os resultados são expressivos:
45% menos risco de câncer de estômago
25% menos risco de linfoma
21% menos risco de câncer colorretal
18% menos risco de cânceres de incidência média, como pâncreas, tireoide e melanoma
Entre todos os grupos, os veganos foram os mais protegidos.
Além disso, veganos mais jovens apresentaram 43% menos risco de câncer de próstata e 31% menos risco de câncer de mama.
A alimentação baseada em plantas é naturalmente rica em fibras, antioxidantes, fitoquímicos, vitaminas e minerais. Esses compostos ajudam a:
reduzir inflamações,
equilibrar hormônios,
melhorar o funcionamento intestinal,
proteger células contra danos,
modular o sistema imunológico.
Ou seja: é uma receita biológica poderosa contra o surgimento de tumores.
Como todo estudo observacional, ele não prova causa direta. Ainda assim, a base de dados é extensa, confiável e reforça um padrão visto em pesquisas anteriores. Outro ponto importante: mesmo os não vegetarianos do estudo eram mais saudáveis que a média da população, o que pode ter diminuído a diferença entre os grupos — não aumentado.
Ou seja, o benefício real pode ser até maior do que o número apresentado.
Não é preciso virar vegano de um dia para o outro. Mas qualquer movimento em direção a uma alimentação mais vegetal já traz benefícios:
Comece com um jantar sem carne por semana.
Use legumes, grãos integrais e feijões como base do prato.
Explore receitas novas com tofu, cogumelos, castanhas e grão-de-bico.
Tenha sempre vegetais congelados ou leguminosas prontas para facilitar o dia a dia.
Teste versões vegetais dos seus pratos favoritos.
A ciência mostra: pequenos ajustes feitos com constância podem trazer grandes resultados.
Este estudo reforça uma mensagem poderosa: alimentação baseada em plantas não é moda — é prevenção real. Mesmo que você não adote uma dieta vegetariana completa, incluir mais alimentos vegetais na rotina pode reduzir de forma significativa o risco de vários tipos de câncer.
Seu prato é, hoje, uma das ferramentas mais fortes na proteção da sua saúde.
No próximo episódio da série, revelamos como foi feito o estudo AHS-2 e por que ele é considerado uma das pesquisas mais importantes do mundo sobre dieta e câncer.
Pons DG. Roles of Phytochemicals in Cancer Prevention and Therapeutics. Int J Mol Sci. 2024;25(10):5450. doi: 10.3390/ijms25105450.
Fraser GE, Butler FM, Shavlik DJ, et al. Longitudinal associations between vegetarian dietary habits and site-specific cancers in the Adventist Health Study-2 North American cohort. Am J Clin Nutr. 2025 Aug;122(2):535-543. doi: 10.1016/j.ajcnut.2025.06.006.