Cabelos Grisalhos Podem Ser um Escudo Natural Contra o Câncer, Revela Estudo

Publicado por: Feed News
20/11/2025 09:00:00
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Pesquisa publicada na revista Nature indica que o embranquecimento dos fios pode ser um efeito colateral de um mecanismo natural de proteção contra o câncer. / Ilustração IDEIA
Pesquisa publicada na revista Nature indica que o embranquecimento dos fios pode ser um efeito colateral de um mecanismo natural de proteção contra o câncer. / Ilustração IDEIA

Células-tronco de melanócitos eliminadas pelo organismo para evitar mutações perigosas podem explicar por que os fios perdem pigmento com a idade.

 

Sim, o cabelo grisalho pode ser muito mais do que um sinal de envelhecimento. Novas descobertas da biologia celular mostram que, em muitos casos, os fios brancos representam um sofisticado mecanismo de defesa do corpo contra tumores, especialmente o melanoma — um dos cânceres mais agressivos.

 

A pesquisa destacada pela BBC e publicada na revista Nature revelou que o organismo pode eliminar deliberadamente células-tronco de melanócitos (McSCs) quando elas apresentam danos genéticos. Essas células, localizadas nas profundezas dos folículos capilares, são responsáveis por repor os melanócitos que dão cor ao cabelo e à pele. Quando sofrem mutações potencialmente perigosas, tornam-se candidatas a gerar tumores malignos no futuro.

 

Para impedir esse risco, o corpo aciona um sistema de segurança biológica: genes supressores de tumor, especialmente o p53, detectam o dano e forçam essas células-tronco a entrar em senescência ou a morrer por apoptose. É uma estratégia eficaz para evitar que um possível melanoma se desenvolva — mesmo que o preço seja o embranquecimento do fio.

 

Em outras palavras, o organismo prefere sacrificar a pigmentação do cabelo a permitir que uma célula defeituosa evolua para um câncer letal. Isso transforma o cabelo grisalho em um marcador visível de um sistema de vigilância celular que está funcionando.

 

O processo também ocorre em paralelo ao ciclo natural dos fios. Cada turma de melanócitos precisa ser reposta a cada novo ciclo de crescimento. Com a idade, estresse oxidativo, danos UV ou desgaste natural, as células-tronco vão se esgotando. Parte delas também migra para nichos inadequados dentro do folículo, perdendo a capacidade de se diferenciar. Isso contribui para a perda progressiva de pigmento.

 

Importante dizer: nem todo cabelo branco indica proteção ativa contra câncer — genética, nutrição, estresse e condições médicas também influenciam no fenômeno. Da mesma forma, ter cabelos coloridos não aumenta o risco de tumores. O que o estudo demonstra é um mecanismo biológico possível e frequente, mas não uma regra universal.

 

A descoberta abre portas para duas frentes promissoras. A primeira é a possibilidade de entender melhor soluções para retardar o embranquecimento, protegendo as células-tronco sem comprometer a segurança oncológica. A segunda, ainda mais relevante, é a inspiração para terapias que imitem o comportamento natural do p53 e forcem células danificadas a entrar em apoptose antes de se tornarem malignas.

 

O cabelo branco, portanto, tem uma história muito mais profunda do que imaginávamos — e revela, fio a fio, a sabedoria do corpo em escolher a sobrevivência em vez da estética.

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